O World Resources Institute, em conjunto com o World Bank Group elaborou no final do ano passado um relatório focado nas oportunidades técnicas e políticas que a alimentação irá enfrentar nos próximos 30 anos.
Como será a agricultura em 2050? E a alimentação? É com base nestas questões que estas organizações, em conjunto com uma série de outros grupos de cooperação ambiental, lançam o desafio de pensar a alimentação do futuro. Como qualquer relatório, não consegue tocar todos os problemas associados à agricultura e ao seu sistema global, atendendo a questões éticas, culturais e socioeconómicas (por serem factores sensíveis), porém, promete responder com dados estatísticos e fidedignos a algumas das questões e sugerir possíveis soluções.
O prefácio do relatório traz-nos um ponto de partida claro: a maneira como o mundo produz e consome os alimentos tem de mudar urgentemente. Nas próximas décadas, o sistema agrícola global deve encontrar maneiras de atender às necessidades de uma população que, em média, vai atingir quase 10 bilhões de pessoas até 2050, respeitando os solos, o ar e a água.
Empregando hoje cerca de 2 bilhões de pessoas, a agricultura deve continuar a ser um motor de desenvolvimento tanto económico como social. Por outro lado, tem de diminuir a sua pegada ambiental. E é, precisamente, face a este cenário que o report “Creating a Sustainable Food Future” define e quantifica os três maiores desafios que o sistema global alimentar enfrenta:
- Food Suply: se o consumo continua a aumentar, é necessário aumentar a produção;
- Uso excessivo da terra agrícola;
- Emissões do efeito de estufa.
Foi com base na investigação destes três desafios que o documento foi construído, propondo 22 soluções que, quando e se aplicadas, podem proporcionar um futuro sustentável para os alimentos. O “menu”, chamam-lhe assim, proposto demonstra que grandes mudanças são possíveis e que o mundo sustentável, nutrido e suficiente que ambicionamos ter, pode ser real.
Para isso, são exploradas várias soluções que nos trazem até 5 grandes mudanças chave, que em conjunto, podem suprir algumas das lacunas que existem na agricultura até 2050. As propostas para colmatar os gaps são:
|Fomentar uma demanda sustentável de alimentos e produtos agrícolas, controlando, por exemplo, os níveis de desperdício;
|Aumentar a produção de alimentos sem desgastar exaustivamente os solos e terras agrícolas;
| Proteger e restaurar ecossistemas naturais;
|Aumentar a oferta de peixe através de uma melhor gestão das pescas selvagens e da aquicultura;
|Reduzir as emissões de Gases Efeitos de Estufa da produção agrícola.
Estas soluções são desmístificadas ao pormenor ao longo de todo o relatório, que poderá conhecer na íntegra aqui, contudo, o que importa compreender é que estas são práticas acessíveis e passíveis de ser adoptadas pelos agricultores. Seja com recurso às tecnologias ou a outras práticas, importa que o sector seja parte da mudança. Se para a redução de gases efeito de estufa, as novas tecnologias são um aliado primordial, para a redução da sobreaplicação de fertilizantes, contribui a sua utilização consciente e estratégica, promovendo a absorção e aproveitamento.
Este tipo de práticas associadas às mudanças supramencionadas podem conduzir-nos à mudança desejada. “Creating a Sustainable Food Future” desafia agricultores e sociedade no geral a repensar o futuro da alimentação. Por que trilhos poderemos caminhar por um futuro mais sustentável, com uma alimentação de qualidade e para todos?