ovelhas no pasto

“Quando se fala de sequestro de carbono, o setor agroflorestal tem um balanço positivo”

A Agricert levou a cabo as III Jornadas de Desenvolvimento Rural do Norte Alentejano. Os temas eleitos foram a agricultura de precisão e de conservação e o respetivo contributo para a neutralidade carbónica na nova PAC. Do que já pôde avaliar, a diretora executiva da Agricert conclui que “o setor agroflorestal tem um balanço positivo em matéria de sequestro de carbono”.

A Agricert é um organismo de certificação e controlo que trabalha com diversos “esquemas” de certificação ligados à sustentabilidade e à proteção ambiental, como o Modo de Produção Biológico, o Modo de Produção Integrado e o GlobalGAP (…) que, entre outros, também têm por objetivo contribuir para a mitigação de gases com efeito de estufa. Ora, com preocupações para além da sua atividade direta, a empresa procura divulgar junto dos agricultores aquilo lhe que parecem ser as realidades atuais e os caminhos por onde a agricultura deve seguir. As Jornadas de Desenvolvimento Rural que a Agricert organiza há três anos em conjunto com outras entidades do Norte Alentejano são um bom veículo de comunicação, e este ano aconteceram precisamente sob o mote “Agricultura de precisão e conservação – contributo para a neutralidade carbónica na nova PAC”, um tema que não podia estar mais na ordem do dia.

Maria João Valentim (Diretora da Agricert), José Rato Nunes (Professor) e Afonso Bulhão Martins (Jovem Agricultor)

À margem das Jornadas, a diretora executiva da Agricert, Maria João Valentim recordou à nossa reportagem que a primeira edição das mesmas reportou-se ao montado, a segunda ao olival e este ano procurou-se trazer a debate duas práticas que contribuem fortemente para a sustentabilidade do nosso planeta: agricultura de precisão e agricultura de conservação. “São duas medidas bastante importantes, no caso da agricultura de precisão porque preconiza a otimização do uso dos recursos através de diversas tecnologias na era digital e no da agricultura de conservação porque se prende com as práticas de conservação do solo como o enrelvamento entrelinha, não mobilização, sementeira direta (…)”. São práticas que conduzem à otimização da utilização dos fatores de produção, bem como da água, aumento da fertilidade dos teores de matéria orgânica (…), em suma “o aumento da rentabilidade das explorações agrícolas”, sintetiza. São fundamentais do ponto de vista da sustentabilidade das explorações agropecuárias, pelo uso racional dos recursos, mas também vão ao encontro da evolução da Política Agrícola Comum e daquilo que foi aprovado no Acordo de Paris relativamente às questões da neutralidade carbónica, pois são mitigadoras e sequestradoras de carbono. Maria João Valentim lembra também que este ano em Portugal foi definido um Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, onde está o cálculo daquilo que são as libertações de gases com efeito de estufa do setor agrícola e agroflorestal, e aquilo que é sequestrado pelo próprio setor.

Feita a verificação, a diretora da Agricert conclui que “o setor agroflorestal, excetuando as situações de incêndios que são extremamente gravosas, tem um balanço positivo em matéria de sequestro de carbono”. Depois da apresentação de vários testemunhos, agroambientais e a condicionalidade (novas regras). Sucintamente, dessa mesma comunicação, pode resumir-se que os objetivos da PAC encontram-se estabelecidos de uma forma generalizada, não estando ainda definidas medidas concretas no âmbito do novo Quadro. Todavia, prevê-se uma PAC virada para o futuro assentando no reforço da contribuição da PAC para o valor acrescentado da União Europeia (UE) e na interação mais eficaz com outras políticas da UE (ambiente/clima, inovação/investigação). O Quadro financeiro plurianual prevê para Portugal um decréscimo de 14,9% no orçamento destinado ao desenvolvimento rural e um acréscimo de 4,8% nos pagamentos diretos.

Para ler na íntegra na Revista Voz do Campo, edição n.º 232 (dezembro 2019).


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