Durante os primeiros dias de 2020 temos observado grandes incêndios na Austrália, Incêndios esses com consequências catastróficas na vida das pessoas e dos ecossistemas daquela região do mundo.
Apesar de serem parte do ciclo biológico das florestas, os Incêndios fazem parte de um equilíbrio frágil, e nos últimos anos temos tido sinais algo preocupantes de que estes grandes incêndios estão a tornar-se mais frequentes.
Os incêndios florestais são úteis para limpar as árvores mortas ou em mau estado de saúde, e algumas das sementes de alguns tipos de árvores são até estimuladas pelo fogo, mas se os incêndios forem excessivos, há o risco de haver destruição exagerada de grandes áreas de floresta.
Isto pode por em causa os habitats locais e o equilíbrio dos ecossistemas das regiões afectadas.
No presente caso, esta grave crise de incêndios na Austrália está a ser causada pela persistência de um regime de circulação que promove o arrastamento de massas de ar extremamente quentes e secas para as áreas florestais do sudeste Australiano.
Isto leva a que as temperaturas sejam muito altas, com vento forte e humidades baixas. Para agravar, o calor extremo está a ajudar a que se formem trovoadas, num padrão similar ao que se passou em Pedrogão Grande, mas numa escala muitíssimo superior.
Uma vez um fogo surja nestas condições, inicia-se uma reacção em dominó que é quase impossível de travar.
Infelizmente, o atual regime de aquecimento global permite que haja mais dias de calor e tempo seco que favorecem os incêndios, alem de que também favorece a ocorrência de trovoadas que são a principal forma de ignição destes incêndios naturais.
No passado da história da terra temos centenas de exemplos que sustentam esta ideia de que as mudanças de clima, sejam naturais ou, neste caso, antrópicas, geram impactos notórios nos ecossistemas florestais.
Incêndios mais severos também geram grandes libertações de carbono para a atmosfera, o que atua de forma a agravar ainda mais o aquecimento da atmosfera, gerando aqui uma “pescada de rabo na boca”. São estes desequilíbrios que nos criam mais preocupação e que nos fazem acreditar que temos que investir em formas de diminuir a pegada ecológica humana.
As mudanças climáticas actuam principalmente em dois sentidos, por um lado estimamos que alguns padrões de circulação atmosférica se tornem mais bloqueados, o que vai levar a uma maior persistência de certos estados de tempo sobre determinadas regiões. Por outro, esperamos também uma maior severidade/intensidade desses estados do tempo.
No caso da Austrália, cujo clima é fortemente dominado pelos ciclos oceânicos do Indico e do Pacífico, esperam-se alterações que irão levar a sequências mais extremas de anos quer muito chuvosos quer muito secos, isto ocorrerá porque os ciclos oceânicos vão ficar “viciados” e em vez de evoluírem de forma mais ou menos regular como era normal, vão tomar um comportamento mais extremo, caótico e imprevisível.
A informação cientifica actual aponta para que, uma vez quebrada a barreira dos 500ppm de CO2 na atmosfera, ou 2-3ºC de aquecimento, se possam gerar mudanças climáticas e ambientais que seriam capazes de gerar um maior risco para o bem estar da humanidade, e é nessa base que seria ideal aplicar medidas de corte nas emissões humanas de CO2.
Já existem até tecnologias que podem ser utilizadas para mitigar os efeitos nefastos das atividades humanas no sistema terrestre…
Não somos de todo catastrofistas, e acreditamos que há potencial e conhecimento na humanidade para melhorar a vida de todos e para evitar ou mitigar estes problemas ambientais, mas infelizmente parece que quem nos governa não têm formação nem visão para aplicar estes conhecimentos.
Fonte: Nature