Charles Michel divulgou os pontos principais da sua proposta para o orçamento da União Europeia no dia 14 de fevereiro, mas como dizia um diplomata citado pelo jornal Politico, foi um “dia dos namorados sem direito a prendas“. Na verdade houve um pequeno “bombom”, no valor de 7,5 mil milhões de euros, que significa um ligeiro aumento relativamente à proposta finlandesa, mas só para o Fundo de Transição Energética. Se a proposta de Michel era até aqui como uma caixa de chocolates (que ninguém sabia o que lá encontrar) tornou-se claro que a posição do presidente do Conselho vai implicar cortes. E que a coesão não vai escapar. Baixam assim as expectativas para um acordo no dia 20 de fevereiro, dia em que os chefes de Governo se reúnem para debater o assunto. António Costa já criticou a proposta que mostra que Michel deu pouca importância ao que foi decidido em Beja, no encontro promovido pelo primeiro-ministro português.
Portugal, como muitos outros países que beneficiam mais de fundos comunitários, corre o risco de ver os seus fundos cortados. Aquilo que Durão Barroso classificou em 2014 como “uma pipa de massa” pode perder tamanho nos próximos sete anos. O Portugal 2030 corre o risco de ter menos dinheiro que o Portugal 2020.
Percebendo a crispação, a presidência da União Europeia e a Comissão apelaram esta segunda-feira para cedências dos Estados-membros. O comissário europeu com a pasta do Orçamento, Johannes Hahn, alertou que este “é tempo de convergência em vez de divergência, por isso espero que os Estados-membros […] atuem na defesa dos cidadãos e das empresas europeias, o que significa terem um papel construtivo e de cedência”. Já a presidência da UE, representada pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus da Croácia, Andreja Metelko-Zgombic, tentou apaziguar os ânimos ao considerar que “todos os Estados-membros estão interessados em chegar a um compromisso de grande qualidade, que tenha em conta o espaço temporal.”
As negociações para o próximo orçamento da União Europeia (no jargão comunitário, Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027) não estavam fáceis e o novo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, decidiu chamar a si o processo.