O que já se temia aconteceu: a bactéria que causa doenças em 350 espécies de plantas chegou a Portugal.
O que é a Xylella fastidiosa?
É uma bactéria que tem um largo espectro de hospedeiros – afinal, causa doenças em cerca de 350 espécies de plantas – e sabe-se que existem cinco subespécies desta bactéria. A Xylella fastidiosa foi descrita pela primeira vez em 1987, mas a doença que provoca nas videiras (conhecida como doença de Pierce) já tinha sido observada no final do século XIX na Califórnia. Essa doença pode provocar prejuízos avultados no sector da vinha.
Até 1994 esta bactéria ficou restrita ao continente americano, mas nesse ano foi encontrada na Ásia, nomeadamente em Taiwan e no Irão. Apareceu pela primeira vez na Europa em 2013 na região da Apúlia, em Itália. Afectou várias oliveiras numa vasta área e plantas da espécie Nerium oleander (loendro), Prunus dulcis (amendoeira) e do género Quercus. Em 2015 foi detectada em França. Agora chegou a Portugal.
Que problemas provoca?
Causa danos graves em oliveiras, citrinos, videiras, fruteiras, loendros, entre outras plantas, incluindo ornamentais. Os sintomas encontrados nas plantas variam conforme o hospedeiro, mas geralmente estão associados ao stress hídrico como a murchidão, queimaduras ou até morte da planta. Por exemplo, nas oliveiras – que são muitos vulneráveis a esta bactéria – pode provocar declínio rápido das árvores envelhecidas e nas videiras pode causar murchidão das folhas e clorose amarela e vermelha. Contudo, muitas plantas podem até não apresentar sintomas de infecção.
Como se transmite?
A Xylella fastidiosa transmite-se de árvore em árvore através de insectos que pertencem à ordem Hemiptera, como cigarrinhas, que tanto na fase de larva como na adulta se alimentam de seiva. Se um destes insectos sugar seiva de uma árvore infectada e depois o fizer numa árvore normal, acabará por infectá-la. Quando atinge a planta, a bactéria começa por colonizar a madeira, depois espalha-se pela árvore e acaba por entupir o seu sistema de circulação de fluidos. No caso das oliveiras, as plantas acabam mesmo por murchar desde a raiz até à copa.
Em distâncias longas, a principal via de dispersão desta bactéria é através do comércio de plantas contaminadas. Contudo, material vegetal como a madeira, frutas e folhagem ornamental têm baixo risco de transmissão. Também pode ser transferida através da enxertia entre partes das plantas contaminadas e existem algumas provas de que – embora com baixo risco – pode ser transmitida através de instrumentos de poda na videira.
Há tratamento para a doença da “fastidiosa”?
Ainda não. Por isso, a única forma de parar a evolução da doença é o abate das árvores infectadas ou evitar a contaminação através do diagnóstico precoce.
O artigo foi publicado originalmente em Público.
Subscreva as nossas newsletters aqui.