Orlando Alves

Câmara de Montalegre aplica 500 mil euros na Agricultura

A Câmara de Montalegre investe perto de 500 mil euros no setor primário do concelho. Uma verba «significativa», faz questão de sublinhar o presidente da autarquia. É o mote para uma conversa onde o presidente Orlando Alves aborda as várias questões relacionadas com esta atividade. Para já ficam estes números: gado barrosão (100€ por cada cria nascida em território concelhio); batata de semente (50.000€); pequenos ruminantes (50.000€) e fomento da produção pecuária (230.000€ – sanidade animal). Estes valores estão discriminados no protocolo existente entre a edilidade e a Coopbarroso – Cooperativa Agrícola do Barroso.


Investimento | Enquadramento

«Estamos a assumir este compromisso relacionado com dois pressupostos importantes: primeiro, a fixação de pessoas ao território, adequação das pessoas ao perfil e à matriz identitária da região. Falamos de uma região iminentemente agrícola onde o peso da pecuária é, naturalmente, grande, o mesmo devia suceder com o setor florestal. Infelizmente, esta última é uma fileira que ainda não tem condições para ser potenciada. O segundo pressuposto é o dever que temos em preservar o selo qualificativo que nos foi outorgado pela delegação das Nações Unidas – FAO ao considerar que o território barrosão – Montalegre e Boticas – é Património Agrícola Mundial. Sobre esta matéria, recordo, somos a única região em Portugal a ter este estatuto. É um selo que não vamos querer perder. Para que este selo perdure, é necessário que a atividade produtiva local continue, centrada na agricultura, na pecuária e no amanho das terras».

Agricultores do concelho | Reconhecimento

«Esta medida da Câmara de Montalegre é um reconhecimento a todas as pessoas que trabalham em prol da agricultura do concelho, integradas no setor produtivo local. São estas pessoas que fazem dinamização económica, centrada na produção do fumeiro, na criação de animais…é o reconhecer da importância destas pessoas na preservação de uma imagem de qualidade de toda a região do Barroso. Para que haja esta continuidade, é necessário que haja estímulos. É o que estamos a fazer sabendo, também, que há outros setores que também são importantes. Todavia, o setor primário é onde radica toda a força e toda a nossa matriz identitária».

Desígnio autárquico

«Temos consciência que se perdermos esta ligação do município aos agricultores, vai tudo por arrasto porque a economia global tem exigências muito difíceis de suportar por parte dos nossos agricultores. Iria tudo por “água abaixo”. É um desígnio. Estamos com um empenho fervoroso de estar ao lado de quem faz do Barroso a terra linda que é».

Meio milhão | «Bem merecido»

«É uma fatia significativa do orçamento municipal. Para nós, faz todo o sentido que esta verba vá para quem faz do Barroso um jardim, para quem se esforça e que é responsável por mantermos esta imagem qualificativa, ambientalmente saudável, com património e com uma gastronomia muito própria. 500 mil euros é muito dinheiro, mas é um investimento bem merecido».

Gado barrosão | 100€/nascimento

«Assim como fizemos uma forte intervenção no Castelo de Montalegre, tornando-o na “sala de visitas” do concelho, temos essa mesma audácia, essa visão, relativamente a um outro símbolo identitário do nosso território. Falo do gado barrosão. Nesse sentido, canalizamos 100 euros por nascimento. Estamos a apoiar a raça que é nossa. A raça portuguesa. A raça barrosã».

Batata de semente | 50.000€/ano

«Somos o único concelho de Portugal que está homologado para produzir batata de semente. Temos os nossos parceiros da Galiza – onde a batata é produzida em regime extensivo – a dizerem-nos que preferem a batata de semente de Montalegre a qualquer outra proveniência. Tem o mesmo peso que tem o gado barrosão».

Pequenos ruminantes | 50.000€/ano

«Não esquecemos quem se dedica à produção dos chamados “pequenos ruminantes”: cordeiros e cabritos. Ambos têm Denominação de Origem Protegida (DOP). Merecem, também, o carinho do município de Montalegre. Olhamos com todo o cuidado e atenção. A prova está no subsídio significativo que canalizamos anualmente».

Fomento da produção pecuária (sanidade animal) | 230.000€/ano

«Investimos, por ano, 230 mil euros na sanidade animal. É para ajudar os produtores a manter os seus animais saudáveis, livres de vírus e bactérias que possam existir. Estamos a fazer profilaxia, a construir a economia circular com que se revitaliza o território».

Parcelamento das terras

«Nós saímos a perder com a legislação que existe. No minifúndio, não há 50 metros que respeite o limite da propriedade. Isto é um atentado. Outro exemplo de absurdo é o que existe na área do PNPG (Parque Nacional da Peneda-Gerês), onde as restrições são ainda maiores. É tudo irracional. Quem queira construir, só o pode fazer numa área de 200 metros quadrados. Porque não podemos pensar em grande? Porque é que um agricultor do nosso concelho não pode construir um armazém com 80 cabeças de gado? Temos feito pressão para mudar isto».

Revisão do PDM | Inícios de julho

«Até julho vamos proceder à revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) do concelho. Iremos lutar por um regulamento que não seja tão castrador. O que temos só existe porque as leis são feitas em Lisboa, longe da realidade que existe em territórios de baixa densidade. Temos de insistir. Vamos fazê-lo. É a única forma de darmos a volta a esta situação».

Política | Respeito e reconhecimento

«É uma política de respeito para com quem está na atividade. É, também, uma política de reconhecimento. Tudo que está a jusante desta atividade depende do esforço de quem todos os dias se levanta cedo e deita tarde para tratar dos seus animais e das suas propriedades. Respondemos a isto com respeito e reconhecimento».

Mensagem | «Estamos atentos!»

«Temos potencial. Gente que trabalha e que agarra este potencial. Temos uma autarquia que está atenta a quem está vinculado ao concelho. Apoiamos as suas necessidades. Damos o estímulo necessário. Somos uma autarquia que valoriza o esforço de quem trabalha em prol da nossa terra. É neste sentido que distribuímos, anualmente, perto de 500 mil euros. É dinheiro que fica nos bolsos dos produtores e dos agricultores da pátria barrosã. Em suma, estamos a apoiar tudo aquilo que é identitário, tudo aquilo que nos pode prender à construção do nosso futuro».

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