Governo. Portugal deve posicionar-se como bom fornecedor de hortícolas

O secretário de Estado da Internacionalização defendeu hoje que Portugal deve posicionar-se, perante a pandemia de covid-19, como um bom fornecedor de hortícolas e frutícolas para que os mercados internacionais possam continuar a optar pelos produtos do país.

“Portugal, com as suas condições naturais, deve posicionar-se como bom abastecedor de hortícolas e frutícolas. Julgo que esse deve ser o caminho para que os mercados possam continuar a escolher Portugal ou produtos produzidos em Portugal”, apontou Eurico Brilhante Dias, na conferência ‘online’ “Agricultura para lá da covid-19″, organizada pela Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP).

Conforme destacou o governante, o setor agrícola “tem dado e tem potencial para continuar a dar” um grande contributo para a evolução das exportações em Portugal, que, desde 2015, progrediram cerca de 15%.

Para Eurico Brilhante Dias, após a pandemia vão registar-se, provavelmente, menos fluxos inter-regionais, uma maior proximidade aos mercados de abastecimento e a maior utilização de canais ‘online’.

Durante a sua intervenção, o secretário de Estado da Internacionalização alertou para que a não proteção do mercado interno poderá levar a um “golpe no desenvolvimento da agricultura” e de outras atividades.

Presente na mesma sessão, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas defendeu que as crises valorizam o papel da agricultura, uma vez que as pessoas “concentram as suas compras em produtos alimentares que não existem sem a agricultura e sem as importações ou exportações”, acrescentando que estes processos “estão em crise, quando 85% dos países do mundo têm sérias restrições de tráfego”.

Já a ex-ministra da Agricultura Assunção Cristas vincou que o setor agrícola tem demonstrado, face à pandemia, a sua capacidade de resiliência, destacando que as cadeias curtas deram “o salto para a digitalização”.

É importante “produzirmos localmente para consumirmos localmente”, embora Portugal, à semelhança dos outros países, não seja autossuficiente em todos os produtos, disse ainda a também antiga líder do CDS-PP.

O professor catedrático Viriato Soromenho-Marques sublinhou que nos últimos 20 ou 30 anos “as doenças que residem num processo de transmissão viral de animais de outra espécie para os humanos têm sido a esmagadora maioria das novas doenças”.

Soromenho-Marques referiu que a covid-19 é uma realidade esperada, assegurando que, haverá “provavelmente outras emergências sanitárias”, bem como climáticas e ambientais.

Por sua vez, o professor catedrático João César das Neves considerou que a globalização não é um processo que agora vai desaparecer, uma vez que o seu motivo essencial “não é o lado produtivo, mas o consumidor e as pessoas”, notando que o seu principal impacto é a redução dos preços dos bens.

Numa mensagem gravada, exibida durante a conferência, o antigo líder do Bloco de Esquerda Francisco Louçã afirmou que uma das incertezas que pairam sobre o setor está relacionada com a Política Agrícola Comum (PAC) pós 2020 e com as dificuldades que vão ser sentidas no comércio internacional.

“A sustentabilidade económica e ambiental da agricultura vai ser fundamental na escolha da estratégia de investimento e de definição dos padrões de produção”, disse o também professor catedrático.

Já o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, destacou o papel da agricultura familiar, que pode ocupar muito território que atualmente se encontra vazio, pedindo mais apoios para esta atividade.

Portugal contabiliza 1.063 mortos associados à covid-19 em 25.524 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Portugal entrou no domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.


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