Em Vinhais, na terra do fumeiro, a castanha representa mais de 20 milhões de euros para as famílias.
A vespa da galha do castanheiro está a instalar-se em força nos soutos do interior norte e centro do país. Detetada em Portugal há seis anos, na região do Douro e Minho, depressas se espalhou por toda a plantação nacional de castanheiros. Em Trás-os-Montes é onde se produz a grande maioria da castanha portuguesa e é lá também que a vespa está a atacar em força e onde grande parte do sustento de muitas famílias está em vias de se perder.
“É uma calamidade grande. A intensidade de ataque da vespa está a crescer imenso. Está a crescer em Vinhais, em Bragança, este ano aumentou exponencialmente e em Macedo de Cavaleiros também aumentou muito” diz Albino Bento, Investigador do Politécnico de Bragança e principal rosto no combate à vespa do castanheiro, na região. O professor fala destes três concelhos porque representam uma mancha de 52 % do total nacional de soutos.
Em Vinhais, na terra do fumeiro, a castanha representa mais de 20 milhões de euros para as famílias. Luís Fernandes, o presidente da câmara tem constatado o ataque crescente desta praga. “Se havia um vírus que preocupa muito, este não preocupa menos os produtores de castanha. Infelizmente, este ano, nota-se em relação ao ano anterior, uma subida bastante acentuada”.
A única forma de combater esta pequena vespa é com outro inseto, uma mosca parasita que lhe come os ovos depois da vespa os depositar nas galhas dos castanheiro. E é aqui que ataca, inutilizando o fruto.
Em Vinhais há três anos que são feitas largadas deste parasitoide para tentar controlar a população de vespas. Em Bragança há dois e em Macedo de Cavaleiros começou-se este ano. Albino Bento fala no mínimo em 5 anos a perder rendimentos.
“Os produtores sabem disso. Em todas as palestras que temos falamos disso. Não enganamos ninguém. Se este ano os castanheiros estão atacados, no ano seguinte vão estar mais, no outro vão estar ainda mais e só lá para o quinto ano (de largadas) é que começaram a ver os castanheiros menos atacados”.
Alarmados e muito apreensivos estão os produtores de Carrazedo de Montenegro no distrito de Vila Real. É a capital da castanha. Todos vivem dela. Filipe Pereira, Técnico da ARATM, Associação local, fala de prejuízos grandes, já este ano: “Um rombo avultadíssimo. Aqui toda a gente vive do e para o castanheiro. É a única cultura que está instalada em toda a região.”
A associação queria fazer ali largadas massivas da mosca mas o ministério da agricultura não autoriza: “Estão a restringir as largadas. Depois de alguma contestação autorizaram-nos mais um bocadinho mas pouco mais.”
Para a zona de Carrazedo foram autorizaram 64 e para apenas 6 freguesias. Filipe Pereira diz que não chegam. “64 deviam ser feitas numa freguesia”.
No distrito de Bragança as largadas estão a ser feitas e vão durar seis semanas. A monitorização que o Politécnico de Bragança tem feito à instalação da mosca parasitoide tem índices acima dos 90 %. E esta é a esperança que vai descansando os produtores quando vêm os estragos que a vespa está fazer nos castanheiros. Lá para outubro a calamidade mostrará as perdas na produção. Há quem estime mais que este ano já se perderá cerca de um terço da produção.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.
Subscreva as nossas newsletters aqui.