Uma forte tempestade, com chuva, granizo e vento, “abalou” na tarde deste domingo a Cova da Beira e pode ter arruinado em definitivo aquela que já estava a ser um ano muito negativo em termos agrícolas nos concelhos do Fundão, Covilhã e Belmonte.
Em termos humanos, não há registos de feridos. Veja algumas imagens em baixo e o testemunho do empresário agrícola Paulo Ribeiro logo a seguir.
As quedas de árvores e de estruturas, as inundações e alguns despistes de automóveis em diversos locais lançaram o susto e a preocupação em muitas localidades, mas é na agricultura que os danos vão ter um impacto mais significativo.
“Quando pensávamos que nada podia piorar um ano que já estava a ser mau, acontece uma calamidade destas. Andávamos a contar as cerejas boas, para as colhermos nas próximas semanas, mas se calhar vamos verificar que pouco ou nado restou. Começo a pensar que o prejuízo este ano vai chegar aos 90 por cento”, explica ao JF o empresário Paulo Ribeiro, que lidera uma das maiores empresas do setor na região.
Para além da cereja, “também o pêssego, a maçã e a pêra levaram uma ‘pancada’ muito grande com este granizo tão forte. Na Capinha, por exemplo, há locais que acumularam 20 centímetros de granizo, uma coisa indescritível. O granizo fere a pele dos frutos. Vamos tentar tratá-la, mas mesmo que ainda consiga recuperar, vai ficar machada e perder quase todo o valor comercial”, conta o empresário, que imediatamente se deslocou para os terrenos: “Já passei em diferente propriedades nossas e é difícil descrever. Também os meus colegas do setor andam na rua. Como deve compreender, toda a gente está em choque com esta situação. Isto arruinou o ano agrícola.”
Fundão, Covilhã e Belmonte serão os concelhos mais afetados, embora a tempestade também tenha atingido zonas agrícolas de Penamacor e Castelo Branco.
Os bombeiros e restante autoridades da região não têm tido mãos a medir, como se pode ver pelo número de ocorrências na página oficial da Proteção Civil. Em Portugal, desde as 17 horas que o distrito de Castelo Branco é o que tem mais ocorrências ativas, mobilizando quase uma centena de operacionais e quase 40 viaturas.
A estrada Fundão-Souto da Casa, por exemplo, esteve cortada devido à queda de uma árvore de grandes dimensões, entretanto removida.
Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco adiantou ao JF que, felizmente, não há registo de quaisquer feridos (informação às 19 horas).
Filipe Sanches
O artigo foi publicado originalmente em Jornal do Fundão.