A destruição ocorreu com maior gravidade na zona de Rocas do Vouga, atingindo pequenos produtores. A autarquia está a procurar estabelecer contacto com a ministra da Agricultura para receber apoios.
A queda de granizo no domingo destruiu parte da produção de mirtilo em Sever do Vouga, no distrito de Aveiro, afetando sobretudo pequenos produtores, cujas dificuldades são agravadas pelo cancelamento da Feira do Mirtilo.
António Coutinho, presidente da Câmara de Sever do Vouga, afirmou esta terça-feira à Lusa que a destruição de mirtilo ocorreu com maior gravidade na zona de Rocas do Vouga, atingindo pequenos produtores. É o caso de Alexandre Tavares, que depositava grandes expectativas numa produção ainda jovem, que plantou num terreno com cerca de um hectare.
O granizo caiu domingo à noitinha, e deu cabo de praticamente metade dos frutos, quando devia produzir cerca de duas toneladas”, contou à Lusa.
O autarca adiantou que está a procurar estabelecer contacto com a ministra da Agricultura, para a sensibilizar para as consequências severas da queda de granizo que atingiu esses produtores, e ver se há eventuais apoios disponíveis, mas reconhece que a destruição das culturas é residual.
“Há campos com perdas de 30 a 50%, mas foi um fenómeno localizado e residual. Em geral, Sever do Vouga vai ter mirtilo para escoar para os mercados internacionais, se, entretanto, não surgir nenhuma praga”, comentou, após ter avaliado a situação, numa visita às zonas mais afetadas.
Já quanto ao cancelamento da Feira do Mirtilo, que dinamizava o mercado nacional, António Coutinho justificou a decisão por razões sanitárias, lembrando que o evento junta todos os anos milhares de visitantes, podendo a sua realização representar um risco de propagação da pandemia.
A Câmara suspendeu a Feira do Mirtilo por causa da Covid-19. Neste momento está tudo a reabrir e não sei até que ponto não se justificaria realizar o certame, que seria uma mais valia para os produtores de frutos da terra, não só os de Sever como de toda a região”, sugere o produtor Alexandre Tavares.
António Coutinho contrapõe que o escoamento para os mercados internacionais está praticamente garantido pelas organizações de produtores. “Em termos de grandes números o escoamento estará garantido. A Feira serve para o imediato: para eles venderem e receberem logo”, opinou, admitindo “alguma falha de liquidez”.
A questão, disse, é que, na colocação nos mercados externos, eles demoram algum tempo a receber, o que cria dificuldades de tesouraria àqueles que têm pequenas colheitas e por isso preferem a venda direta que a Feira proporcionava.
“Estamos a trabalhar numa plataforma para facilitar essa venda direta entre os agricultores e os consumidores, para minimizar os efeitos do cancelamento da Feira do Mirtilo”, concluiu.