O fenómeno meteorológico “extremo” de domingo prolongou-se por uma hora e afetou culturas como a cereja, o pêssego, a ameixa, a maçã, a vinha e o olival, bem como a produção hortícola.
O presidente do CDS exigiu esta terça-feira que o Governo apoie “diretamente”, e sem ser preciso ir “a reboque dos fundos comunitários”, os agricultores afetados pela trovada que caiu no domingo na Cova da Beira e que causou perdas graves.
“Nesta altura, nós consideramos fundamental que a agricultura seja protegida, que o Governo não esteja sempre a reboque dos fundos comunitários para apoiar diretamente os nossos agricultores, que neste momento precisam de ajuda ao nível das linhas de crédito e da melhoria dos sistemas de seguros”, afirmou Francisco Rodrigues dos Santos.
O líder centrista falava durante uma visita a um pomar no Fundão, distrito de Castelo Branco, concelho que é considerado uma das principais zonas de produção nacional de cereja e que, este ano, já se debatia com perdas graves de produção devido às condições meteorológicas de março e abril.
A situação agravou-se no domingo com a queda intensa de chuva e granizo, acompanhada de vento “muito forte”.
O fenómeno meteorológico “extremo” prolongou-se por uma hora e também afetou outras culturas, como o pêssego, a ameixa, a maçã, a vinha e o olival, bem como a produção hortícola.
Produtores, associações e autarquias falam em perdas “elevadíssimas” e frisam que há casos de produções que ficaram afetadas já para o próximo ano. Um cenário que Francisco Rodrigues dos Santos classificou como “absolutamente devastador”, exigindo medidas de apoio e uma resposta do Governo. “O que o CDS exige da parte do Governo é que, neste período de crise e de emergência social e económica, faça uma aposta radical no setor produtivo estratégico, que é a agricultura”, afirmou.
Entre as medidas, defendeu a necessidade de se criarem linhas de crédito “com bonificação de juros e com períodos de carência que possam contribuir para para ultrapassar a crise” e ajudar os agricultores “a vencer o prejuízo que lhes foi causado”.
A melhoria dos sistemas de seguro é outra das reivindicações que o CDS apresenta à tutela, visto que, atualmente há “níveis de adesão muito baixos” em virtude das “dificuldades que são criadas no seu acesso”.
Este responsável apontou a fraca atualização das tabelas de produtividade e também de preços como fatores que têm de ser corrigidos “imediatamente”, de modo a que o sistema de seguros de colheitas seja “muito menos complexo, muito mais barato e ajustado à realidade produtiva” dos agricultores. Uma reivindicação que é partilhada por muitos produtores e entidades representativas do setor.
Júlio Duarte tem 56 anos, trabalha com cereja desde miúdo e não se lembra de uma “quebra tão grande como a deste ano”. O produtor mostrou ao líder centrista os muitos estragos que enfrenta na Quinta da Saramagueira, na localidade de Alcongosta, onde contava com uma produção de 80 toneladas e agora já não espera mais de 15, sendo que o aumento do preço da fruta e o seguro não conseguem fazer face a todo o prejuízo que vai ter.
Na cereja, os seguros só dão indemnização quando as perdas atingem os 30% e o valor pago é de apenas um euro por quilo. Além disso, o agricultor ainda tem de pagar uma parte de franquia, “o que reduz bastante o valor pago ao agricultor”, como detalhou Gonçalo Batista, produtor e dirigente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que acompanhou a visita.
Este responsável explicou ainda que a trovoada de domingo foi “muito violenta”, que destruiu “completamente” algumas culturas e danificou árvores, deixando a produção do próximo ano “comprometida”.
Quanto aos apoios, reivindica a ativação da linha de reposição do capital produtivo do PDR 2020, a aprovação de linhas de crédito bonificado.