Porque é que há asiáticos a enviar por correio sementes que ninguém encomendou?

Governo apela a quem recebeu misteriosas sementes pelo correio que não as plante nem as deite para o lixo.

Há mistérios que têm explicações simples. É o caso das sementes que muitos portugueses receberam pelo correio nos últimos dias, sem que nunca as tenham encomendado.

Esta terça-feira o Ministério da Agricultura alertou para o envio postal de pacotes de sementes provenientes de países asiáticos, pedindo que estas não sejam semeadas ou deitadas no lixo, mas reencaminhadas para as direções de agricultura.

No início de agosto, norte-americanos de todos os 50 estados receberam também pequenos sacos com este tipo de sementes ou caroços de fruta.

Na altura, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos explicou que se tratava de um esquema das lojas online chinesas, que consiste em enviar pelo correio artigos de pequenas dimensões e baixo custo, não solicitados, para depois escrever no site falsos comentários positivos sobre a suposta encomenda.

Chama-se “esquema da escova” e o objetivo é melhorar o rating do site com um grande número de avaliações positivas, aumentando, assim, a confiança dos consumidores e, consequentemente, as vendas.

O mais provável é que quem recebeu uma ou mais cartas com sementes tenha encomendado no passado outro produto no site em causa, o que explica como é que os autores do esquema têm acesso à morada e dados da pessoa visada. Isso mesmo explica à TSF a subdiretora-geral de Alimentação e Veterinária, Paula Carvalho:

Além disso, na alfândega ou correios é difícil identificar os alvos deste esquema porque as encomendas vêm identificadas como contendo outro produto, como um relógio ou brincos.

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) apela a quem recebeu estas sementes que não as plante nem deite para o lixo. As embalagens podem conter pesticidas, solo, larvas mortas ou estruturas de fungos e as próprias plantas podem revelar-se perigosas para as culturas locais.

Segundo o ministério tutelado por Maria do Céu Antunes, as embalagens, cujo conteúdo não aparece especificado, também não são acompanhadas por um certificado fitossanitário que ateste as exigências do país, acarretando assim “sérios riscos do ponto de vista da sanidade vegetal, pela possibilidade de veicularem pragas e doenças ou ainda pelo perigo de se tratar de espécies nocivas ou invasoras”.

Um homem no Arcansas, nos EUA, não resistiu à curiosidade e plantou as sementes que recebeu pelo correio na sua horta. O resultado foi uma espécie de abóbora que cresceu em tempo recorde, conta o New York Post.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos conta que a análise às sementes recebidas revelaram ser de flores ou ervas aromáticas, como hortelã, sálvia, alecrim e lavanda, ou ainda sementes de mostarda ou repolho.

Se recebeu sementes pelo correio, deve entregá-las num serviço regional da DGAV, numa Direção Regional de Agricultura e Pescas, ou enviá-las, com a embalagem original, incluindo a etiqueta de expedição, para a DGAV (Campo Grande 50 – 1700-093 Lisboa).

O artigo foi publicado originalmente em TSF.

Ministério da Agricultura alerta para a entrega de sementes não solicitadas pelo correio


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