Três anos após o fogo, permanecem as dúvidas sobre o futuro da Mata Nacional de Leiria

Os trabalhos de reflorestação prosseguem, combinando plantações com regeneração natural. Desde Fevereiro de 2018 e até ao final de 2019, quando começaram as intervenções, foram “rearborizados 1039 hectares”, quase 11% da área queimada no incêndio de 2017.

Três anos volvidos desde o incêndio que devastou quase na totalidade a Mata Nacional de Leiria (MNL), ainda subsistem no território marcas do fatídico episódio. Entre os “talhões com madeira queimada por retirar”, os “maciços de espécies invasoras” ou as áreas “sem regeneração natural por florestar”, Sónia Guerra encontra-as por toda a parte.

Enquanto bióloga, mestre em Ciências das Zonas Costeiras, e membro do Observatório do Pinhal do Rei, Sónia tem acompanhado de perto todos os passos no processo de recuperação de um território com forte presença no seu passado familiar, tal como revelou ao PÚBLICO há um ano. Não esconde, por isso, uma postura crítica em relação à intervenção do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) no Pinhal do Rei, a começar pela inexistência de um “plano de recuperação (ou de reflorestação) com medidas concretas e metas de execução definidas”.

De acordo com informações avançadas pelo próprio ICNF ao PÚBLICO, desde o início dos trabalhos de recuperação, em Fevereiro de 2018, foram “rearborizados”, até ao final de 2019, cerca de “1039 hectares” de área ardida, estando ainda prevista a mesma intervenção em mais “1482 hectares até ao final de 2022” – dos quais “138,8 hectares já se encontram executados”. Num processo de reflorestação que congrega a plantação (nas áreas que à data do incêndio estavam sem arvoredo ou ocupadas por povoamentos florestais de pinheiro-bravo com idade inferior a 20 anos) e a regeneração natural (numa “parte significativa da MNL”, tirando partido do “banco de sementes de grande qualidade” que ali existe). Concluído o processo de reflorestação, o ICNF estima que “cerca de 90% da área total” esteja ocupada por pinheiro-bravo.

No que diz respeito às plantações, foram muitos os hectares intervencionados por agentes da sociedade civil. A associação ambientalista Zero, em parceria com o grupo Freudenberg e a Universidade Nova de Lisboa, levaram para o terreno 20 897 árvores, entre elas quais se encontravam sobreiros, medronheiros, samoucos, plátanos-bastardos ou carvalhos-roble. Paulo Lucas, representante da Zero para o sector das florestas, faz um “balanço positivo” da intervenção, relembrando que a taxa de sucesso das plantações se fixou nos 70%.


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