Em todo o mundo, os alimentos são desperdiçados de diferentes formas e em circunstâncias diversas. Cerca de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são alvo de perdas e desperdícios.
Verificam-se elevadas perdas no campo a norte e a sul. Nos países do Sul, o sector no qual ocorrem as maiores perdas é no armazenamento e transporte, enquanto que no Norte o desperdício alimentar localiza-se sobretudo no fim da cadeia de valor, no consumidor.
Todos os anos, cerca de 20% dos alimentos produzidos na União Europeia (UE) são perdidos ou desperdiçados. Em todas as fases do ciclo de vida dos alimentos (colheita, produção, distribuição e nas nossas próprias casas), são rejeitadas elevadas quantidades de alimentos, causando danos sociais, ambientais e económicos inaceitáveis.
Em 2012, o Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar (PERDA) permitiu estimar que, em média, cada habitante português desperdiça 97 quilos de alimentos por ano. As famílias são responsáveis por valores entre 30 a 40% de desperdício alimentar.
Todos temos a responsabilidade de combater o desperdício alimentar, o nosso contributo individual poderá fazer a diferença na luta contra a fome e na preservação do ambiente, bem como na poupança de dinheiro do consumidor.
São as famílias que estão a pagar este desperdício do seu orçamento familiar. Pequenas alterações de comportamento e atitudes podem reduzir o desperdício, assim como o impacto ambiental decorrente da produção dos bens, além de implicar uma poupança de dinheiro para os consumidores.
Assim, será necessária uma mudança de alguns hábitos e rotinas diárias, tais como:
- Planear as refeições. O facto de não cozinhar mais do que o necessário permite-lhe poupar comida, dinheiro, tempo e o clima;
- Fazer compras com maior frequência e em menores quantidades de cada vez. Comprar em grande quantidade poderá implicar que uma parte acabará por ir parar ao lixo, não compensando do ponto de vista financeiro;
- Aproveitar os restos, utilizando soluções práticas e saborosas na reciclagem de pratos (batidos, geleias ou tartes, etc.) e poupar dinheiro;
- Aproveitar a água da cozedura dos legumes para sopas e caldos;
- Guardar as cascas de hortícolas e/ou frutas (cebola, limão, laranja, etc.) e reaproveitar em chá ou compotas;
- Utilizar hortícolas e frutas mais maduras em primeiro lugar e depois as mais verdes;
- Conhecer os diferentes tipos de data. Saber a diferença entre “consumir até” (informa sobre a segurança dos alimentos) e “consumir de preferência antes de” (informa sobre a qualidade dos alimentos);
- Congelar os alimentos já cozinhados, sempre que possível. Desta forma, terá sempre refeições saudáveis já preparadas e prontas a serem usadas quando não for possível cozinhar. Conservar lotes de comida separados em porções preparadas e devidamente etiquetadas;
- Conservar os alimentos adequadamente. Verifique as instruções de conservação nos rótulos, mantendo o frigorífico a uma temperatura entre 1º e 5°C e o congelador a -18°C. Ter conhecimento do que possui na despensa;
- Verificar as datas, assegurando a rotação dos produtos: arrumando os artigos que acabou de comprar atrás dos artigos mais antigos, no frigorífico e nas prateleiras da despensa;
- Partilhe os excedentes alimentares com familiares, amigos, colegas de trabalho ou vizinhos;
- Se for possível, faça composto em casa ou aposte na compostagem comunitária.
Natália Silva
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.