Um novo estudo, publicado no jornal Nature Food, revelou os efeitos da crise climática na produção de milho e trigo em 2030, sob um cenário de emissões de gases com efeito de estufa elevado. A produção de milho poderá cair 24%, com a de trigo a aumentar cerca de 17%, relata o portal India Today.
“O aparecimento de impactos climáticos ocorre de forma consistente nas novas projeções -antes de 2040 para várias regiões produtoras principais. Embora as estimativas futuras de rendimento permaneçam incertas, estes resultados sugerem que as principais regiões de produção de cereais enfrentarão riscos climáticos antropogénicos distintos mais cedo do que o previsto anteriormente”, refere o documento.
A produção de milho na América do Norte e Central, África Ocidental, Ásia Central, Brasil e China poderá diminuir nos próximos anos. Entretanto, a produção de trigo pode alastrar-se para outras áreas à medida que as temperaturas aumentam, incluindo o norte dos Estados Unidos da América e o Canadá, planícies do norte da China, Ásia Central, sul da Austrália e África Oriental. Estes ganhos podem nivelar-se em meados do século.
“Não esperávamos ver uma mudança tão fundamental, em comparação com as projeções de rendimento das colheitas anteriores da geração anterior de modelos climáticos e culturais realizados em 2014. Uma redução de 20% dos níveis de produção atuais pode ter graves implicações em todo o mundo”, disse o cientista climático que liderou o estudo, Jonas Jagermeyr.
Metodologia
Os investigadores utilizaram dois modelos climáticos para chegar à conclusão. O primeiro consistiu em simulações de modelos climáticos do Climate Model Intercomparison Project-Phase 6 com a sua resposta única da atmosfera da Terra aos cenários de emissão de gases com efeito de estufa até 2100.
Já o segundo utilizou simulações de modelos climáticos como inputs para 12 modelos de colheitas globais de última geração que fazem parte do Agricultural Model Intercomparison and Improvement Project. O modelo simula como as colheitas crescem e respondem a condições ambientais como temperatura, precipitação e dióxido de carbono atmosférico, que são fornecidos pelos modelos climáticos.
Ao todo, os investigadores criaram 240 simulações globais de modelos climáticos para cada colheita. “O que estamos a fazer é fazer simulações que estão efetivamente a cultivar colheitas virtuais dia-a-dia, alimentadas por um supercomputador, e depois a olhar para a mudança de ano a ano e década em cada local do mundo”, disse o coautor do estudo, Alex Ruane.