O Alto Representante para a Política Externa da União Europeia (UE), Josep Borrell, e o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, manifestaram hoje o desejo mútuo de avançar para a pronta ratificação do acordo Mercosul-UE.
Borrell, em declarações junto ao ministro, destacou a “grande importância” do acordo, que foi anunciado em 2019 após duas décadas de negociações e que agora está novamente paralisado, à espera de um processo de ratificação parlamentar que encontra resistência em alguns países europeus.
Na opinião do chefe da diplomacia europeia, a ratificação do acordo representaria uma “grande oportunidade” para melhorar as relações comerciais que já são fluidas e seriam reforçadas em ambas as direções e em benefício dos cidadãos.
Por sua vez, o ministro Carlos França concordou com as palavras de Borrell e reiterou que, na visão do Governo de Jair Bolsonaro, o acordo já contém elementos que “vão garantir um alto nível de proteção ambiental”.
O governante tocou assim no ponto-chave das objeções que alguns países europeus, como França, Irlanda e Áustria, têm feito contra as polémicas políticas ambientais do atual Governo brasileiro, manifestando dúvidas sobre o acordo com o Mercosul (bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), devido à falta de compromisso do Brasil com a preservação da Amazónia.
Nas redes sociais, Borrell, aproveitou para celebrar os compromissos assumidos pelo Brasil perante a 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26).
“Congratulo os compromissos assumidos pelo Brasil para alcançar a neutralidade de carbono até 2050, para acabar com a desflorestação ilegal até 2028, para promover a proteção das florestas e alcançar uma redução significativa de 50% de gases de efeito estufa até 2030. Essas são contribuições importantes para os esforços globais de combate às mudanças climáticas”, escreveu Borrell no Twitter.
De acordo com Borrell, esses compromissos “são elementos cruciais para o sucesso da conclusão do acordo”.
No encontro entre Josep Borrell e Carlos França, Brasil e UE firmaram um acordo de cooperação com terceiros, mediante o qual se comprometeram em unir forças em prol da ajuda técnica e humanitária a outros países ou blocos, especialmente da América Latina e de África.
Além disso, Borrell também elogiou a “solidariedade” que o Brasil e os países da UE têm demonstrado aos milhões de venezuelanos que tiveram que deixar o seu país assolado por uma profunda crise económica, social e política.
Em particular, destacou o “exemplo” dado pelo Brasil através da denominada Operação Acolhida, que desde 2018 apoiou os quase 300 mil venezuelanos que chegaram ao país, que são inclusive auxiliados no processo de inserção no mercado de trabalho.
O chefe da diplomacia europeia, que ficará em Brasília até sexta-feira, teve também um breve encontro com o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que a Presidência brasileira qualificou de “cortesia”.
Segundo indicaram à agência espanhola Efe fontes diplomáticas, Borrell também destacou este “exemplo de solidariedade” com os venezuelanos durante o breve encontro com Bolsonaro, que o recebeu em privado no Palácio do Planalto.
Borrell encerrará a sua visita ao Brasil e à América do Sul, que começou no Peru, na sexta-feira, quando será recebido pelo presidente do Congresso brasileiro, Rodrigo Pacheco.