Dos hortícolas ao leite, dos táxis à falta de carros, o período pós-pandémico no país tem sido marcado por um aumento gradual nos preços dos bens e serviços. Agora, com o aumento do preço dos combustíveis, a situação agravou-se, e há já registo de escassez de produtos.
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Leite a 30%
Jorge Oliveira, presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP), revelou ao Nascer do SOL que, efetivamente, é inevitável um aumento no preço do leite e derivados nos próximos tempos. «Está tudo a aumentar os preços na ordem dos 20-30%. Todos os produtos que compramos, na produção, fertilizantes, produtos para alimentar os animais, tudo aumentou nessa proporção. O que está a acontecer é que, para nós produtores, tivemos um aumento de 1,5 cêntimos, e precisamos de pelo menos mais 6 cêntimos para cobrir o aumento nos custos», revelou o presidente da APROLEP.
Jorge Oliveira revelou ainda os ‘perigos’ de parar a produção neste momento, relembrando que na indústria do leite «não há uma máquina que podemos simplesmente desligar e ligar», e alertou para a possível escassez destes produtos, que, aliás, nota, já se faz sentir.
A falta de stock de cereais
Pedro Mota, membro da Anapo (Associação Nacional de Avicultores Produtores de Ovos), revelou ao Nascer do SOL que a associação espera que não se chegue ao ponto «da falta de produtos», no entanto, revela que «o stock de cereais é curto». «Há necessidade de aumentar o preço dos ovos, as matérias primas, embalagens, energia, etc… E os ovos, para o consumidor, continuam ao mesmo preço do tempo que se compravam baixos, ou seja, ainda não foram refletidos os aumentos de preços, muito menos o acréscimo dos custos de produção», elucida. Para Pedro Mota «a necessidade de aumentar preços é grande, os produtores estão descapitalizados, com falências na iminência», revela.
Carne mais cara
Também os produtos de carne subiram – e subirão – de preço, revelou ao Nascer do SOL fonte da Associação Portuguesa dos Industriais de Carne (APIC). «O aumento de preços é inevitável, face aos vários aumentos que tem havido em todos os fatores de produção».
A difícil obtenção de matérias primas e materiais de embalagem, bem como de mão-de-obra e de motoristas são as razões apontadas para justificar estes aumentos, que, acusou a APIC, não se deverão retrair antes do Natal. «Prevê-se dificuldade no futuro próximo, na obtenção de algumas matérias primas auxiliares e materiais de embalagem. Estima-se que poderão haver aumentos no Natal.»