A subida dos preços dos produtos alimentares importados, que devem atingir um “nível recorde” em 2021, inquieta a Organização das Nações Unidas (ONU) quanto à capacidade de os países e consumidores mais pobres se alimentarem.
“O comércio internacional de produtos alimentares acelerou e está em vias de alcançar o seu nível mais elevado, tanto em volume, como em valor”, indica um relatório da agência da ONU para a agricultura e alimentação (FAO, na sigla em Inglês).
“A subida rápida dos preços dos produtos alimentares e da energia coloca importantes dificuldades aos países e aos consumidores mais pobres, que gastam parte importante dos seus rendimentos nestes produtos de primeira necessidade”, acrescentou a FAO no seu relatório semestral sobre as perspetivas da alimentação mundial.
Segundo esta agência, as despesas mundiais com importações alimentares devem superar em 2021 os 1,75 biliões (milhão de milhões) de dólares, mais 14% em relação a 2020 e 12% acima do previsto em junho último.
Sobre os cinco grandes alimentos de base (cereais, açúcar, óleos, laticínios, carne e peixe), a ONU não está inquieta com o risco de penúria, dada as perspetivas de produção dos principais cereais, que permanecem sólidas, e as colheitas “recorde” de milho e arroz esperadas para este ano.
Quanto ao açúcar, a produção mundial deve também recuperar ao fim de três aos de contração. A FO espera também uma subida da produção mundial de carne, leite e peixe.
Mas aponta para o efeito da subida dos preços dos fatores de produção agrícolas (energia, alfaias, adubos, rações para animais, sementes), “que se traduz imediatamente por uma subida dos preços dos produtos alimentares”.
Ora, o seu índice dos preços mundiais destes fatores “atingiu o seu ponto mais alto desde há 10 anos em agosto de 2021”.
De janeiro a agosto, o índice FAO dos preços alimentares subiu 34% e o índice dos preços mundiais dos fatores 25%.
“A análise permite antecipar dificuldades que se podem colocar: na África subsariana, por exemplo, cerca de 70% da oferta depende da importação de adubos azotados, cujo preço varia em função dos combustíveis fósseis”, salientou a FAO.
Pelo recenseamento da agência da ONU, em 53 países, um número crescente, as famílias gastam “mais de 60% dos seus rendimentos” em produtos de primeira necessidade, como alimentos, água e habitação.