Produtores de leite entregaram esta manhã um fardo de palha à porta do Supermercado Pingo Doce, em Barcelos, o concelho que é o maior produtor de leite no país.
Com esta “oferta” queremos protestar contra os preços baixos do leite, alertar para o aumento dos custos de produção que nos estão a arruinar e desafiar o Pingo Doce a dar o exemplo, parar com a desvalorização do leite e pagar um preço justo aos agricultores.
Estamos a suportar desde o ano passado aumentos entre 20 a 30% no preço da ração e mais recentemente nos restantes fatores de produção como a eletricidade, os combustíveis e os adubos (cujo preço já está acima do dobro em relação ao Verão), mas só em Outubro conseguimos um pequeno aumento de 1,5 cêntimos por litro de leite das principais indústrias. É um valor insuficiente. Precisamos de mais 5 cêntimos de aumento com urgência, com o objetivo de atingir 40 cêntimos por litro de leite pago ao agricultor.
Por estranho que pareça, os agricultores que fornecem o Pingo Doce tiveram um aumento inferior, apenas 1 cêntimo, apesar de o grupo Jerónimo Martins ter uma fábrica onde transforma o leite e embala as suas marcas próprias, o que lhe permite controlar todo o percurso “do prado à prateleira do supermercado”, não podendo desculpar-se com outras indústrias pelo preço baixo que os seus fornecedores recebem. É um preço injusto que não permite pagar os atuais custos de produção. Sabe mal receber tão pouco!
As cadeias de distribuição costumam argumentar que são obrigadas a acompanhar os preços de mercado, mas também são elas que manipulam esse mercado usando o leite como isco para atrair consumidores. Por exemplo, neste momento é possível comprar a 39 cêntimos um litro de leite da marca “Amanhecer”, que pertence ao mesmo grupo económico do Pingo Doce.
Com esta ação simbólica, queremos desafiar o Pingo Doce a dar o exemplo, parar com as promoções que desvalorizam o leite e ser o primeiro a pagar um preço justo aos agricultores. A nossa luta vai continuar noutros locais e ocasiões.
Queremos ainda enviar um abraço solidário aos produtores de leite e carne que hoje se manifestam na ilha Terceira, Açores, a região com os preços do leite ao produtor mais baixos neste Portugal que tem o preço médio mais baixo da Europa. Uma vergonha que o Governo e o Presidente da República não podem ignorar.
A Direção da APROLEP