“No dia em que faltar comida, a política vai preocupar-se com a segurança alimentar”

Com uma dependência de mais de 90% face ao exterior e sem reservas estratégicas de cereais, Portugal está muito exposto na atual crise do comércio global. Associações de produtores criticam o governo – e a falta de pensamento estratégico.

“Há dias estava numa pastelaria e perguntei se já tinham subido os preços por causa da subida do trigo”, conta José Palha. “Responderam-me que ainda não tinham subido porque estavam a trabalhar com farinha comprada antes, mas que iram subir – mas que os fornecedores não lhes garantem o prazo de entrega da farinha pedida para dezembro”, continua. Palha, que lidera a associação nacional de produtores de cereais e oleaginosas, a ANPOC, nota a dependência quase total que Portugal tem no trigo – e o risco alto que corre neste momento de congestionamento no comércio mundial. “Temos trigo para duas semanas e se falhar um barco ficamos sem trigo. No dia em que faltar comida, a política vai preocupar-se de outra maneira com a segurança alimentar”, afirma.

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