A Europa já assiste às consequências das alterações climáticas e os países do sul devem preparar-se para verões mais quentes, secas mais frequentes e maior risco de incêndios, adverte um relatório hoje publicado pela Agência Europeia do Ambiente (AEA).
A agência publicou hoje um relatório interativo sobre os “riscos climáticos em mutação na Europa”, que oferece uma visão geral das mudanças mais relevantes em termos de riscos climáticos, passadas e projetadas, nas diversas regiões europeias, e que visa servir também de ferramenta para os decisores políticos, na avaliação de riscos e nos “preparativos necessários” de estratégias de adaptação.
Começando desde logo por sublinhar que “as alterações climáticas devidas às atividades humanas são agora inegavelmente responsáveis por um aumento dos eventos climáticos extremos na Europa”, fazendo eco das conclusões do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, a agência europeia enfatiza que as principais ameaças variam de região para região, propondo-se então oferecer uma panorâmica detalhada, pois esta “ameaça crescente” exige diferentes respostas.
Assim, entre as principais conclusões, a AEA adverte que o sul da Europa enfrentará verões cada vez mais quentes, secas mais frequentes e um aumento do risco de incêndios, até porque a precipitação anual e as chuvas de verão têm tendência a diminuir.
Observando que o número de “noites tropicais” (com uma temperatura mínima noturna de pelo menos 20 graus centígrados) aumentou em toda a Europa, o relatório antecipa que “o sul da Europa pode experimentar até 100 noites tropicais por ano até ao final do século, num cenário de altas emissões”.
Com os “dias quentes”, com temperaturas superiores a 30 graus centígrados, a aumentarem em toda a Europa, o documento aponta que “o número de dias quentes na Europa pode quadruplicar até ao final do século num cenário de altas emissões, com os maiores aumentos absolutos no sul da Europa”.
Por outro lado, “o número de dias com risco elevado de incêndios deverá aumentar na Europa, em particular sob um cenário de altas emissões”, e, “de longe, os valores absolutos mais elevados e os maiores aumentos são projetados para o sul da Europa”, prossegue a agência.
Num dos mapas interativos disponibilizados pela AEA, constata-se que o Alentejo é uma das regiões europeias que apresenta uma média de dias anuais de risco alto de incêndio mais elevada, superada apenas pela ‘vizinha’ Extremadura, em Espanha.
Relativamente à seca, o relatório projeta “aumentos substanciais” da sua magnitude no sul da Europa, advertindo que no pior cenário (de aumento de emissões) esta pode mesmo “triplicar até ao final do século”, e aponta que o nível de humidade do solo “diminuiu significativamente” no sul da Europa.
Já no norte do continente “a precipitação anual e a precipitação intensa são suscetíveis de aumentar”, enquanto na Europa central “é provável que as chuvas de verão diminuam”, mas ocorram “precipitações mais intensas, inundações fluviais, secas e riscos de incêndio”, aponta o relatório.
Por outro lado, a agência projeta um aumento da temperatura da superfície do mar, das ondas de calor marinhas e da acidez da água “em todos os mares regionais europeus”, advertindo que “a subida do nível do mar está a acelerar em todas as costas europeias, com exceção do norte do Mar Báltico”.