Cooperativa Agrícola Leiteira Do Concelho Da Póvoa De Varzim

Produtores de leite da Póvoa de Varzim em risco de falência

Os baixos preços pagos ao produtor de leite nos últimos anos, a que se somam os aumentos galopantes dos custos dos fatores de produção, deixaram o setor leiteiro da região do Minho completamente descapitalizado, sobre endividado e até, em alguns casos, em extremo risco de falência. Na Cooperativa Agrícola e Leiteira da Póvoa de Varzim estão em causa 550 postos de trabalho e a sobrevivência de centenas de famílias do concelho.

Nos últimos anos, o preço médio pago ao produtor de leite estagnou. Entre 2018 e 2021, o preço do leite não ultrapassou a barreira dos 32 cêntimos por litro, somente no passado mês de outubro aumentou 1,5 cêntimos, para os 0,338€/litro. Este ajuste é manifestamente insuficiente face ao aumento do custo das rações (+17%), do gasóleo agrícola (+ 31%), dos fertilizantes (+ 33% a + 200%), da eletricidade e dos fitofármacos. Caso não exista um aumento do preço do leite a breve prazo, toda a produção leiteira e agrícola da região está em risco.

No concelho da Póvoa de Varzim ainda existem 116 produtores de leite, que produzem 82 milhões de litros de leite vendidos a esta cooperativa e a outros compradores de âmbito privado e cooperativo. Todos se encontram numa situação desesperante.

É com grande preocupação que vemos o desaparecimento de um setor organizado, que é autossuficiente no fornecimento do mercado e vital para a economia da região. Além das perdas económicas, perder um fornecimento de proximidade causará o aumento da pegada ecológica, porque a indústria terá de se abastecer noutras regiões do país ou no estrangeiro.

A fatura da falência do setor chegará futuramente aos consumidores, que terão que pagar o preço que lhes for exigido pelo mercado, visto que a distribuição se obrigará a importar o produto, acrescido o custo de transporte, a um valor mais elevado do que o atual.

Apelamos ao Governo para que promova o diálogo entre todos os intervenientes desta cadeia – produtores, indústria, distribuidores e comerciantes -, no sentido da valorização do leite e do aumento do preço pago ao produtor para um mínimo de 38 cêntimos/litro, de forma que os produtores possam suportar o aumento dos custos dos fatores de produção.

Só uma valorização urgente do leite e de todos os produtos agrícolas poderá evitar a morte do setor agrícola e de todas as atividades a ele associadas. É dever de todos salvar a Agricultura Nacional!


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