Agricultura: Valinveste propõe “autoestrada” de água do Douro ao Algarve. Saber armazenar e transportar é a chave

Inovação: A tecnologia é a arma para se alcançar uma produção agrícola mais sustentável e competitiva, numa altura em que as alterações climáticas moldam por completo a forma de trabalhar

Com os olhos postos no futuro, especialistas em agricultura expuseram as suas preocupações, visões e soluções nas “Lisbon Agri Conferences”, com o fim de converter um dos sectores com mais peso na economia portuguesa — 10% do emprego nacional e 9% do valor acrescentado bruto — num espelho de prosperidade. O agroalimentar é hoje mais eficiente e tecnológico, mas há importantes missões pela frente: garantir que toda a população tem acesso a alimentos de qualidade, mitigar as alterações climáticas ou assegurar um melhor aproveitamento dos recursos hídricos são alguns dos desafios que a agricultura enfrenta. Sem esquecer que a pandemia pôs todos à prova, com a disrupção da cadeia, o aumento da escassez de matérias-primas e a subida de preços.

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O DESAFIO DA ÁGUA

Sem água não há agricultura produtiva. Mas estaremos nós a aproveitá-la da melhor maneira? Parece que não. Os dados mostram que, desde 2015, tem havido um incremento da eficiência do uso da água (9%), mas ainda há muito a fazer para garantir que não desperdiçamos este recurso.

Por ano, Portugal gasta “cerca de 40% da disponibilidade dos recursos hídricos”, assegura António Costa e Silva, professor do Instituto Superior Técnico (IST) e autor da Visão Estratégica para Portugal 2020-2030. “Se continuarmos a este ritmo, podemos ficar na região do ‘stresse hídrico’ nas próximas décadas, até 2040”, sublinha o especialista. Além do uso excessivo, é de recordar que cerca de 2/3 dos nossos aquíferos dependem dos ciclos de pluviosidade para serem recarregados — o que, com as alterações climáticas, pode representar uma dificuldade acrescida — e que 50% da nossa água vem de Espanha. “Eu não tenho dúvidas de que, quando a escassez de água for uma realidade, os rios vão ser usados como instrumento político”, defende António Costa e Silva.

Mais uma vez, a tecnologia pode ser essencial para otimizar o consumo através da inteligência artificial, por exemplo, com os investimentos em perímetros de rega que levem água às explorações agrícolas a serem muito importantes. Joaquim Pedro Torres, administrador da Valinveste, propõe mesmo uma “autoestrada” de água, do Douro ao Algarve, em troços, que permitiria um país mais produtivo, equilibrado e preparado para as alterações climáticas. Saber armazenar e transportar a água é a chave.

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