Filas para pôr gasolina e medo de que faltem perus no Natal: o que está a provocar o caos nas cadeias de abastecimento do Reino Unido?

Na origem de tudo está essa palavra complicada – Brexit

O Governo britânico vai negando: não, nada disto tem que ver com o Brexit. Os que ainda não esqueceram o referendo que afastou o Reino Unido da União Europeia não têm dúvidas: é precisamente essa decisão que está a causar a falta de combustíveis e produtos perecíveis que se está a começar a fazer sentir com mais frequência no país – é que, sem pessoas para trabalhar na agropecuária e na agricultura e sem pessoas para transportar materiais perigosos em poucos dias, a escassez começa a ver-se nas prateleiras dos supermercados.

Muitos empresários e representantes dos sectores dos transportes e alimentação criticam o Governo britânico por não ter conseguido antever o facto de que as novas regras do Brexit iriam deixar de permitir a entrada livre de europeus – que eram a principal força de trabalho em alguns sectores com grande necessidade de trabalhadores menos qualificados. Para o Governo britânico, a culpa é mesmo da pandemia.

“O problema é mundial e seguramente [existe] em toda a Europa. Na verdade, o Brexit ajudou a encontrar algumas das soluções”, argumentou o ministro dos Transportes, Grant Shapps, à BBC, no início da semana passada. O ministro referiu que as alterações feitas recentemente para aumentar o número de exames de condução para veículos pesados, reduzindo algumas formalidades ou eliminando requisitos técnicos, “não poderiam ter sido feitas na UE”. Na mesma entrevista, Shapps disse que a pandemia é “a principal razão” para estes atrasos. Por outro lado, a pandemia impediu a formação de muitos condutores britânicos, pelo que a falta de europeus ainda se fez sentir mais.

Abastecimento de combustível com problemas

Alguns postos de gasolina no Reino Unido foram forçados a fechar. A BP disse na quinta-feira, citada pelo “Guardian”, que cerca de 100 das suas bombas de gasolina estavam com falta de pelo menos um tipo de combustível, com várias forçadas a fechar totalmente devido à falta de entregas. A Esso também informou que alguns dos seus postos de abastecimento, que funcionam adjacentes à cadeia de supermercados Tesco Express, foram afetados.

Brian Madderson, presidente da Associações dos Revendedores de Combustível, disse à Associated Press que dois terços dos seus 5500 membros relataram ter ficado sem combustível durante o fim de semana. Membros […]

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