Na Região Autónoma da Madeira, a inclusão de flores na culinária não é muito comum. No entanto, a enorme variedade de flores comestíveis provenientes de hortícolas e plantas aromáticas e medicinais e a sua atratividade em termos visuais tem contribuído para aumentar o interesse na sua utilização.
As flores comestíveis, destinadas a fins culinários, devem provir sempre do modo de produção biológica e adquiridas em espaços que garantam a sua segurança alimentar.
Colher as flores comestíveis no meio natural é uma opção, contudo, é necessário ter o cuidado de nunca utilizar flores de origem desconhecida e que possam ter estado sujeitas a exposição de produtos químicos e/ou outras fontes de poluição.
A colheita das flores deverá ser realizada, de preferência, de manhã ou ao final da tarde. As flores deverão ser bem lavadas, de forma a remover alguns resíduos, como insetos e terra, que estejam presentes. Deve-se evitar lavar as flores em água corrente, sendo preferível usar uma taça com água onde se mergulham delicadamente as flores, que depois ficam a secar ao ar ou então limpá-las de poeiras com um pincel de cerdas suaves ou pano húmido.
O seu consumo deverá ser feito com moderação. Além disso, dever-se-á ter em conta que algumas espécies são prejudiciais à saúde e que há flores que podem ser ingeridas na sua totalidade e outras em que apenas as suas pétalas são comestíveis.
As flores podem ser consumidas em cru, temperadas ou não, ou cozinhadas. Podem fazer parte de entradas, pratos principais, saladas e sobremesas. Podem, ainda, integrar licores, vinagre, azeite e outros óleos. Também podem ser cristalizadas e utilizadas na elaboração de pães, bolos, biscoitos, doces, compotas.
A nível nutricional são necessários mais estudos, sabendo-se apenas que algumas flores comestíveis possuem algumas vitaminas (A, C e outras), sais minerais (cálcio, fosforo, ferro, etc.) e apresentam baixo teor calórico, apenas cerca de 40 calorias por 100 g.
Utilização de algumas flores comestíveis:
- Abóbora e curgete (Cucurbita sp.) – Consumidas fritas, empanadas em ovo e farinha, em saladas e sopas ou ainda recheadas de queijo forte. Devem ser retirados os estames para ficarem mais saborosas;
- Amor-perfeito (Viola tricolor) – Em saladas e sobremesas. Com propriedades diuréticas;
- Borragem (Borago officinalis) – As suas flores frescas, com sabor a pepino, podem ser usadas em saladas, bolos e sobremesas. As folhas tenras mais junto da base podem ser consumidas panadas ou adicionadas a sopas e guisados. É uma planta desintoxicante do organismo;
- Calêndula (Calendula officinalis) – Com sabor ligeiramente amargo, é usada em pratos de arroz, peixe, sopa, queijos, omeletes, saladas e sobremesas;
- Camomila (Chamaemelum nobile) – Usada na decoração de pratos, saladas e em infusão;
- Capuchinha ou chaga (Tropaeolum majus) –Quase toda a planta é comestível: flores, folhas, botões e sementes. As flores são ricas em vitamina C, com sabor ligeiramente picante, podem ser utilizadas na decoração de vários pratos;
- Cebolinho (Allium schoenoprasum) – As flores podem ser utilizadas em saladas e na confeção de azeite ou vinagre aromático;
- Cravos e cravinas (Diantus sp.) – Têm um sabor apimentado e podem ser utilizados em saladas, sobremesas ou sanduíches. Também podem aromatizar geleias, açúcar, vinho ou vinagres. Quando açucaradas, podem enfeitar bolos;
- Girassol (Helianthus annuus) – Os botões florais são cozidos, servidos como espargos, e as flores em saladas;
- Lavanda (Lavandula sp.) – Usada na confeção de bolos, biscoitos, geleias e outras sobremesas. Pode ainda aromatizar vinagre;
- Sabugueiro (Sambucus nigra) – A sua flor é essencialmente medicinal e a sua infusão é conhecida por ter poder anti-inflamatório. Usada também em licores e vinagres;
- Rosa (Rosa spp.) – As suas pétalas são usadas em infusões, conservas, sobremesas e conferem um sabor suave a pratos fritos. As flores são comestíveis e adstringentes úteis para tratar diarreia e para lavar e desinfetar feridas;
- Tomilho (Thymus sp.) – As flores podem servir na decoração de bolos e saladas.
Natália Silva
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.