Governo dos Açores vai alertar para preço do leite na plataforma da cadeia agroalimentar

O Governo dos Açores vai participar na próxima reunião da Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA) para alertar para o preço do leite pago ao produtor, revelou hoje o secretário regional da Agricultura.

“Um dos pontos previstos é criar uma subcomissão para que se estude essa problemática do leite e dos laticínios. Vemos isso com bons olhos e esperemos que o Governo da República ponha na sua agenda a questão da fileira do leite e dos laticínios, uma vez que está a ser um assunto esquecido e é extremamente importante para os Açores”, avançou, em declarações à Lusa, o secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural, António Ventura.

O titular da pasta da Agricultura nos Açores, da coligação PSD-CDS-PPM, tinha enviado, no início de maio, uma carta à ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, defendendo “uma reunião extraordinária” da Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar para uma “análise da cadeia de valor do setor do leite e laticínios”.

Nessa missiva, António Ventura alertava para a urgência de se fazer uma avaliação atualizada e prospetiva do setor do leite e laticínios a nível nacional e solicitava a participação excecional de representantes da Região Autónoma dos Açores na reunião.

O pedido foi aceite, um mês e meio depois, estando prevista a participação do secretário regional da Agricultura, por videoconferência, na reunião da PARCA agendada para 08 de julho.

Segundo António Ventura, a quebra de rendimento dos produtores de leite afeta em especial a economia açoriana, pelo seu peso, mas é um problema nacional.

“O preço do litro de leite não aumenta. Alguma coisa se passa no país, porque nós temos o pior preço de leite pago em toda a Europa, enquanto na restante Europa o preço do leite já está a aumentar”, afirmou.

O governante salientou, por outro lado, que “os preços das matérias primas para produzir um litro de leite têm vindo a aumentar” e que “só no último mês aumentaram 40%”, tornando a produção de leite “insustentável para os produtores”.

“Corremos o risco nos Açores de haver tentativas de abandono desta produção, porque não está a ser rentável produzir leite nos Açores, quando é um bem alimentar que nos orgulhamos de produzir com qualidade e está em processo uma qualificação comunitária do nosso leite”, alertou.

Para António Ventura, a reunião da PARCA assume maior importância por estarem representadas nesta plataforma “todas as entidades, desde a produção à distribuição”, da cadeia da produção de leite em Portugal.

“Está-se à procura de soluções para a problemática do rendimento dos produtores e isso é fundamental. Não podemos perder mais tempo sem discutir o momento atual e o momento futuro da produção de leite em Portugal”, reforçou.

O executivo açoriano vai abrir no final deste mês candidaturas para a conversão de explorações de leite em explorações de carne, mas o secretário da Agricultura garante que não se trata de uma “medida de reestruturação fundamental”, antes de uma “medida de alívio pontual”.

“Se há algo de que nos podemos orgulhar é da nossa produção de leite. É excelente. Tem 40 anos de melhoramento genético, está perfeitamente ajustada. Não a queremos abandonar”, sublinhou.

A Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar foi criada em 2011, por um despacho conjunto dos ministérios da Economia e do Emprego e da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, com o objetivo de promover o diálogo para aumentar a transparência do mercado e o equilíbrio na distribuição de valor.

A PARCA integra os ministérios da Agricultura e da Economia, a Direção-Geral das Atividades Económicas, a Direção-Geral do Consumidor, o Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral, a Autoridade da Concorrência e a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.

Fazem ainda parte da plataforma a Confederação dos Agricultores de Portugal, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, a Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, a Confederação Empresarial de Portugal, a Confederação Nacional da Agricultura, a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal e a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares.


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