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Projeto executado pela ONG Tiniguena melhora alimentação e vida de milhares de guineenses

Um projeto da Tiniguena de apoio a mulheres rurais na Guiné-Bissau está a melhorar a vida de milhares de pessoas, bem como a sua segurança alimentar, segundo a organização não-governamental.

Denominado “Mulheres Rurais, Garantes da Produção, Segura nos Direitos e Consolidação da Paz”, o projeto visa reverter a baixa participação das mulheres no processo de decisão, tanto a nível das suas comunidades, como a nível nacional.

“Nós conseguimos descobrir que a mulher é essencial, a chave, a base estrutural de tudo. As questões do acesso das crianças à escola, a questão da alimentação, o acesso à saúde, são as principais responsáveis. Portanto, ao dar suporte, criar estrutura para essas mulheres conseguiu-se melhorar a vida das famílias, da aldeia, da comunidade, do setor, da região e nacional”, afirmou à Lusa Boaventura Santi, coordenador do projeto.

O responsável explicou que as mulheres “são as que mais produzem”, mas as que “menos decidem sobre a sua produção” e sobre a “gestão dos seus próprios recursos”.

“Do que pudemos constatar, houve realmente um impacto positivo na vida dessas mulheres, sobretudo no aspeto da organização, da gestão de fundos. Houve uma melhoria significativa”, afirmou.

O projeto teve início há três anos, é apoiado pelo Programa Alimentar Mundial e pelo Fundo de Consolidação da Paz da ONU, e já capacitou mulheres rurais nas regiões Cacheu, Bafatá, Oio e Gabu. Agora está a decorrer nas regiões de Quinara, Tombali e Bolama-Bijagós, faltando apenas a região de Biombo.

O projeto já capacitou aproximadamente sete mil mulheres, mas indiretamente afetou muito mais pessoas, porque aquelas mulheres têm filhos e maridos, disse.

“Quando as mulheres têm melhores condições o impacto é diretamente no homem, nos filhos e em terceiro lugar nas mulheres. O impacto positivo vai sempre primeiro para os outros”, salientou.

Segundo Nelson Vieira Tavares, coordenador do projeto de compras locais, o projeto provocou o aumento da produção, diversificou o que é cultivado e permitiu uma maior organização das associações de mulheres, “sem ter em conta o rendimento económico”.

“Aumentaram a produção e aumentaram os rendimentos. Mais filhos nas escolas, mais acesso à saúde”, disse.

Nelson Vieira Tavares destacou também que os rendimentos obtidos já permitiram a mulheres comprar as suas próprias terras.

“Na Guiné-Bissau não há tradição pela lei de as mulheres herdarem a terra e a partir destes rendimentos compram os seus próprios espaços e estão a fazer a sua produção, não só para as escolas, mas também os seus pomares frutícolas”, afirmou.

Nelson Tavares salientou que o impacto “é muito rápido” e que já há pedidos de tabancas para se juntarem ao projeto.

“Penso que vai chegar um momento em que vamos ter grande quantidade de produção, vamos abastecer a zona sul e o mercado de Bissau. Assim, o projeto vai contribuir bastante para garantir a segurança alimentar e também os hábitos alimentares, para melhorar a dieta das pessoas”, afirmou.


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