A Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Pecuários (Fenapecuária) defendeu hoje que o apoio à produção de milho para grão e comercializado através de uma Organização de Produtores, tenha âmbito nacional e inclua o milho de silagem.
“A Fenapecuária e os seus agricultores não aceitam que a ajuda à produção de milho não tenha âmbito nacional e não contemple o milho de silagem”, afirmou a federação, em comunicado.
Em causa está uma proposta recente do Ministério da Agricultura, para um apoio associado à produção de cereais, que varia entre os 100 a 280 euros por hectare, mas somente aplicável ao milho para grão e comercializado através de uma Organização de Produtores (OP).
“Sendo o milho um cereal essencial na alimentação animal, e considerando que devemos reduzir a nossa dependência do exterior, como aliás é o pressuposto da medida, não encontramos razões para que o ‘milho para silagem’ não seja contemplado nessa futura ajuda”, argumentou a Fenapecuária.
A federação disse também não perceber, nem aceitar, “que se desenhe uma medida de apoio a uma cultura como o milho, quando deixa de fora a principal região produtora de milho do país”, referindo-se ao norte do país, que representa mais de 40% da produção nacional de milho, sobretudo de silagem.
“Esta medida, a ser executada com os pressupostos que se conhecem, será sempre encarada como um ataque a uma região, que não será tolerável”, sublinhou.
Segundo dados da Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), o milho é o tipo de cultura que mais explorações agrícolas envolve em Portugal, estimando-se o seu número em mais de 75.000 unidades produtivas e ocupando cerca de 150.000 hectares de área cultivada, de norte a sul do país.
A Fenapecuária considerou ainda “de interesse nacional a tomada de um conjunto de medidas que mitiguem os efeitos nefastos sentidos pelos produtores”, no âmbito da crise pandémica e da crise económica associada, exigindo “sinais políticos fortes”.
Assim, a federação de agricultores defendeu também a criação de leis que confiram “mais equidade e transparência em todos os elos da fileira agroalimentar”, no que diz respeito aos custos dos fatores de produção.
“O setor precisa de estabilidade e previsibilidade. Nesse sentido, é importante que os preços das matérias-primas a nível internacional sirvam de indicador para, de alguma forma, servirem de referência para a política de preços dos produtos agrícolas”, apontou.
A federação lembrou que “o calendário agrícola é exigente e, nesta fase, obriga a muito investimento em energia”.
“Os custos fixos associados à energia (gasóleo e eletricidade) têm que ser revistos em baixa urgentemente. É impossível para um empresário agrícola competir, por exemplo, no mercado ibérico, quando os custos de contexto associados são tão diferentes, prejudicando o setor nacional como um todo”, explicou, acrescentando que “a tutela não se pode desresponsabilizar do seu papel e exercer o seu magistério de influência transversal para alcançar este objetivo”.
Por fim, a Fenapecuária propôs também que o Estado fomente, através dos Cadernos de Encargos das cantinas públicas, a aquisição da produção nacional e local, no âmbito das políticas públicas de promoção da produção nacional e local.
Fenapecuária: Pecuária Nacional exige sinais políticos fortes