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Setor agrícola português melhorou saldo da balança comercial em 2020

As exportações dos produtos agrícolas e agroalimentares aumentaram 5,8%  em 2020 face ao ano anterior (uma evolução inversa à redução de 10,2% registada nas exportações globais de bens), enquanto que as importações diminuíram 1,8%, melhorando o saldo da balança comercial (diminuição do défice em 429,7 milhões de euros), revela o Instituto Nacional de Estatística (INE), com base nas Estatísticas Agrícolas de 2020.

No relatório, o INE considera que “a agricultura globalmente terá atravessado um ano marcado pela pandemia covid-19, evidenciando uma resiliência que não foi patente em muitos outros setores da atividade económica nacional”.

O INE salienta ainda que Portugal é o Estado-Membro com menor consumo de fertilizantes minerais (azoto e fósforo), registando em 2019 um consumo aparente de 31 kg por hectare de Superfície Agrícola Utilizada (SAU), menos de metade da média da UE27 (68 kg por hectare de SAU). Já quanto aos pesticidas, foram vendidos 2,2 kg de substância ativa dos principais grupos de pesticidas por hectare de SAU em 2019, proporção acima da média da UE27 (1,8 kg de substância ativa por hectare de SAU).

Nesse mesmo ano, apenas 5,3% da SAU estava certificada para o modo de produção biológico e a importância dos Gases de Efeito de Estufa (GEE) emitidos pela atividade agrícola em Portugal (10,1% da emissão total dos GEE) foi próxima da média da UE27 (10,3%).

Outros destaques do relatório

Condições meteorológicas
  • Outono normal em relação à temperatura do ar e à precipitação;
  • Inverno extremamente quente (segundo mais quente desde 1931) e seco (78% do valor médio);
  • As regiões a sul do Tejo registaram situações de seca meteorológica, com maior persistência e severidade no Baixo Alentejo e Algarve;
  • A primavera e o verão continuaram a classificar-se como muito quentes, com destaque para julho (o mais quente desde 1931).
Colheitas agrícolas
  • A área semeada de cereais praganosos foi próxima da registada na campanha anterior (-1,3%);
  • As condições meteorológicas foram favoráveis para o desenvolvimento vegetativo dos cereais de inverno, registando-se uma produção semelhante à média do último quinquénio;
  • Nas culturas de primavera-verão registou-se uma diminuição generalizada de áreas, que resultaram em quebras de produção de 12,8% no tomate para a indústria, 17,8% no arroz e 9,7% no milho para grão;
  • Pomares – quebras de produção em resultado de condições meteorológicas adversas na floração e nas pomóideas (-22,7% na maçã e -34,0% na pera) e no desenvolvimento e maturação dos frutos nas prunóideas (-22,3% no pêssego e -58,0% na cereja);
  • A produção de vinho atingiu os 6,27 milhões de hectolitros (-1,3% face à vindima anterior);
  • A produção de azeite situou-se nos 1,07 milhões de hectolitros (-30,5%, face a 2019).
Produção animal
  • A produção animal foi semelhante à registada no ano anterior – 902 mil toneladas (-0,1%);
  • Redução de 0,9% do total de carne de reses (incluindo a carne de bovinos, suínos, ovinos, caprinos e equídeos);
  • Acréscimo de 1,1% da produção de carne de animais de capoeira (inclui galináceos, perus e patos);
  • Carne de bovino (98 mil toneladas) apresentou um aumento de 6,2%, enquanto as carnes de suíno (380 mil toneladas), ovino (14,6 mil toneladas) e caprino (1,1 mil toneladas) tiveram reduções de 2,1%, 12,7% e 7,9%, respetivamente.
  • “Nos pequenos ruminantes, a conjuntura agravou as dificuldades de colocação dos animais e a menor procura interna, incluindo nas tradicionais épocas festivas de Páscoa e Natal, resultou nos menores volumes de produção de ovinos e caprinos registados desde a adesão de Portugal à UE (1986)”, informa o INE
  • A produção de frango, que foi de 310 mil toneladas em 2020, decresceu ligeiramente (-0,5%).
  • A produção total de leite em 2020 apresentou em termos globais um aumento de 0,9%, com o volume de leite de vaca (1 935 milhões de litros) a crescer 1,0% e os leites de ovelha e cabra a decrescer 0,8% e 1,1%, respetivamente.
Estatísticas de preços agrícolas
  • O índice de preços de produção dos bens agrícolas registou um aumento (+0,4%);
  • Acréscimo de 2,2% no índice de preços da produção vegetal;
  • Variação de -2,3% no índice de preços da produção animal.
Contas Económicas da Agricultura
  • O rendimento da atividade agrícola registou, em 2020, um decréscimo por Unidade de Trabalho Ano (UTA) de 3,4%, em termos reais, após um crescimento de 5,9% no ano anterior.

Comentário da Ministra da Agricultura

Em comunicado, a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, afirma que “as Estatísticas Agrícolas anunciadas pelo INE vêm sublinhar o que temos vindo a destacar nos últimos meses: a capacidade de resiliência ímpar que o setor agrícola tem demonstrado nesta fase de pandemia. Numa altura em que a agricultura nem sempre é devidamente valorizada, este é o reconhecimento justo aos nossos agricultores, que trabalham de forma incansável e exemplar para que nada falte nas nossas mesas”.

Quanto aos resultados ao nível da sustentabilidade, na sua visão, “reforçam a necessidade de implementação de estratégias que assegurem a sustentabilidade da agricultura, as quais queremos aprofundar com o Plano Estratégico da PAC (PEPAC), que se encontra ainda em construção”.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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