Filipe Sevinate Pinto

Sou agricultor – Filipe Sevinate Pinto

Em Resposta ao programa da RTP Linha da Frente “A invasão da Agricultura insustentável”

Sou Agricultor, filho e neto de Agricultores, produzo amêndoa e azeitona em regime de produção intensivo no Alentejo. Uso água, adubos, herbicidas, fungicidas e inseticidas com práticas de proteção integrada e alimento-me a mim e à minha família, de alimentos produzidos da forma que produzo e que defendo.

Monitorizo todos os recursos que coloco numa cultura com os conhecimentos adquiridos na faculdade, na família e ao longo de 20 anos de experiência profissional e faço-o com preocupação económica, ambiental e social e sei que se estes três não estiveram assegurados não conseguirei passar ao meus filhos e sobrinhos o que herdei do meu Pai.

Acredito na Agricultura moderna nomeadamente no regadio que se está a desenvolver em Portugal e no profissionalismo com que, de uma forma geral, os empresários gerem as suas atividades.

Vejo muita evolução nas práticas agrícolas, assente em profundo conhecimento, onde a viabilidade económica anda normalmente de mãos dadas com a preservação do ambiente, seja na forma de utilizar água, nas correções de Phs dos solos, incorporação de adubos orgânicos, preocupação com os auxiliares no combate às pragas, a microbiologia e a manutenção dos solos e na gestão de todos os recursos postos numa cultura.

Vejo diversificação cultural, amendoal, olival, montado, vinha, fruteiras, culturas anuais, prados permanentes etc, etc, tudo ao invés da referida monocultura.

Vejo menor dependência do exterior em produtos agrícolas, mas não suficiente, vejo trabalho, vejo valorização, vejo investimento publico em regadio rentabilizado e pago pela dita Agricultura moderna e vejo perspetivas para o Agricultor que não as tinha num passado bem recente.

Preocupo-me com o clima, com os preços dos produtos e com a viabilidade da minha exploração. Preocupo-me muito, se calhar ainda mais, com o desconhecimento manifestado por uma parte importante da sociedade Portuguesa em relação à atividade que exerço.

É com indignação que vejo programas como o transmitido na RTP linha da frente “A invasão da Agricultura insustentável” que julgo fazer um péssimo serviço à informação da sociedade em geral, provocando um conhecimento errado, destrutivo e diferente do que é a realidade. Este tipo de informação ou desinformação, a proceder, contribui para a desertificação do nosso mundo rural, abandono da terra, desemprego e consequentemente o aumento de perigos vários como incêndios, degradação dos nossos ecossistemas, e pior ainda, dificultar o acesso aos bens alimentares de que todos dependemos.

Abraço todos os tipos de Agricultura desenvolvidos de forma profissional e acredito que todas tem o seu contributo. Abraço a evolução, o conhecimento e o contributo (sugiro leitura do estudo da EDIA, DGADR, DGAV, DRAP Alentejo sobre o olival em Alqueva), desde que construtivo, por todas as fações da sociedade.

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Linha da Frente: A Invasão da Agricultura Insustentável


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