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Diretor-Geral da OIV felicita trabalho da PORVID na conservação da biodiversidade

O Diretor-Geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV)*, Pau Roca, visitou ontem o Pólo Experimental de Conservação das Variabilidade das Videiras Autóctones em Pegões, manifestando elevado apreço pelo trabalho «de grande importância para a vitivinicultura mundial» ali desenvolvido.

Gerido pela Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID)**, sob um protocolo de parceria com o Ministério da Agricultura e Mar, este pólo é uma estrutura pioneira dedicada à conservação integral da diversidade das castas de videira (diversidade intravarietal) com vista à valorização, adaptação e sustentabilidade da vitivinicultura. Após 10 anos de existência, ali se conservam já mais de 30 000 genótipos (clones) de castas sendo o objetivo de chegar aos 50 000 de todas as 250 castas nativas do território nacional.

É com este acervo que o conhecimento científico se valoriza na inovação das seleções policlonais das castas para viticultores e enólogos, uma abordagem inovadora criada em Portugal e, desde 2019 reconhecida pela OIV numa resolução aprovada unanimemente pelos seus 48 estados-membros. Consultar resolução [EN]

A visita foi iniciada com uma apresentação em sala do líder histórico deste projeto, o Professor Jubilado Antero Martins. Foram destacadas por Antero Martins as bases teóricas e metodologias de estatística e genética quantitativa que robustecem a abordagem inovadora desenvolvida e testada em Portugal durante mais de 40 anos. Seguiu-se uma demonstração prática, nos vários campos de ensaios ali existentes onde a Professora Doutora Elsa Gonçalves esclareceu os aspetos mais críticos da aplicação daquelas metodologias demonstrando que esses campos de ensaio, «pelo rigor a que obrigam, são verdadeiros laboratórios ao ar livre». A visita foi coroada com uma prova de vinhos produzidos exclusivamente com castas portuguesas menos conhecidas, conduzida por António Graça, representante da Sogrape na PORVID. Sercialinho, Tinta Francisca ou a Touriga Fêmea fizeram parte da prova, castas que segundo Graça, “poderiam hoje estar extintas se não fosse este trabalho de conservação iniciado há 40 anos».

Nesta iniciativa participaram ainda o Presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Bernardo Gouvêa, o Presidente da Viniportugal, Frederico Falcão, a Subdiretora Geral da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Ana Paula Carvalho, o Diretor-Regional Adjunto da Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Rui Hipólito e a Secretária-Geral da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal, Ana Isabel Alves, entre outras individualidades.

No brinde final, Pau Roca agradeceu a visita e a apresentação do projeto, afirmando que «neste tipo de abordagem pela conservação da biodiversidade e compreensão da natureza reside o futuro da vitivinicultura mundial». Roca concluiu felicitando os responsáveis presentes pelos resultados já visíveis e por envolverem a OIV na sua disseminação mundial.

* A OIV é a organização intergovernamental do setor vitivinícola mundial. De natureza técnica e científica, é reconhecida pela sua competência e trabalho sobre as videiras, vinhos, bebidas à base de vinho, uvas de mesa, uvas passas e outros produtos vitivinícolas. É composta por 48 estados-membros. No quadro da sua competência, os objetivos da OIV são os seguintes:

  • informar os seus membros sobre medidas que tomem em consideração as preocupações de produtores, consumidores e outras partes interessadas no setor da vinha e do vinho;
  • assistir outras organizações internacionais, tanto intergovernamentais como não-governamentais, principalmente aquelas que desenvolvam atividades de normalização;
  • contribuir para a harmonização internacional de normas e práticas existentes e, sempre que necessário, na preparação de novas normas internacionais que melhorem as condições de produção e comércio de produtos vitivinícolas, assegurando a consideração dos interesses dos consumidores.

** A PORVID é uma associação sem fins lucrativos criada em 2009 com o objetivo de conservar e valorizar a diversidade genética das castas antigas e das populações silvestres de videira. A sua criação visou materializar o legado histórico, metodológico e os resultados da Rede Nacional de Seleção da Videira. Em 2010, a PORVID celebrou com o Ministério da Agricultura um protocolo para a criação do Pólo Experimental de Conservação das Variabilidade das Videiras Autóctones, que foi sedeado na antiga Estação Experimental de Pegões e cuja gestão foi confiada a esta associação pelo período de 50 anos. Integrada por 24 associados entre os quais uma autarquia, institutos públicos, universidades, associações técnicas, empresas e empresários, a associação recolhe plantas em vias de desaparecimento em vinhas antigas, com prioridade para as que estão marcadas para arranque e conserva-as em coleções de diversidade de cada casta que são objeto de estudo. Dos ensaios criados com o conhecimento gerado por estes estudos, realizam-se seleções policlonais que permitem que agricultores plantem vinhas que combinam eficiência económica com resiliência e sustentabilidade, além de manterem a diversidade natural original do património das castas originais de Portugal.


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