Gestão da vegetação e prevenção de incêndios: já aprendemos o suficiente?

A III Conferência Gestão de Vegetação promovida pela E-REDES, este ano com o apoio do Público, decorreu esta quinta-feira em Pampilhosa da Serra. No centro do debate estiveram as melhores práticas em matéria de gestão de combustível, com vista à segurança de todos e à preservação da floresta. A ideia que ficou: Portugal pode fazer melhor.

A E-REDES, empresa que sucedeu à EDP Distribuição, é responsável pela operação da rede em todo o território de Portugal continental de distribuição de alta, média e baixa tensão. A empresa opera em todo o território nacional e gere uma rede aérea com perto de 180 mil quilómetros de extensão, onde cerca de 69.000 km em alta e média tensão, dos quais 28 mil instalados em espaços florestais. Nesta conferência, em parceria com o PÚBLICO, lançou um desafio a diversos técnicos e especialistas: qual é o estado da gestão da vegetação em Portugal e que evolução vemos nos últimos anos?

A Pampilhosa da Serra, zona muito afectada pelos incêndios em Portugal, acolheu o evento deste ano, que contou com uma nota de abertura de Ângelo Sarmento, Membro do Conselho de Administração da E-REDES. Seguiu-se José Brito, presidente da Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra, que relembrou os efeitos dos incêndios no município e definiu como principal objectivo “valorizar o terreno”. “Proteger a floresta é fundamental para nós a todos os níveis”, acrescentou.

Saber ler o passado

João Catarino, Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, numa introdução à análise de especialistas que viria a seguir, fez um apanhado daquilo que foi a actuação do Estado durante os últimos anos. Para o Secretário de Estado, quando toca a soluções para prevenir incêndios, “não vale a pena continuarmos a usar a mesma receita na esperança de que alguma coisa altere substancialmente”.

Na sequência desta ideia, João Catarino identificou dois grandes erros. Em primeiro lugar, o peso da responsabilidade dos proprietários dos terrenos na gestão de incêndios, dizendo que: “O Governo assume claramente como necessidade apoiar o proprietário nessa tarefa. Temos consciência que este é um ónus total sobre o proprietário, que muitas vezes assume a despesa da defesa das florestas contra os incêndios”, completou. Depois, João Catarino apontou como necessidade sabermos gerir a floresta que temos actualmente. Para concluir esta ideia, dá como exemplo o concelho de Mação, que “desde 1980 tem algumas áreas que já arderam três vezes, duas delas apoiadas e financiadas com fundos comunitários para arborização”. “Não é a plantar mais floresta que resolvemos o problema, é a gerir a que temos e compartimentá-la com outras utilizações do solo que ajudem a proteger o território” na perspectiva dos incêndios, rematou.

A forma como isso se faz – os especialistas que se seguiram explicaram… e com dados!

Análise ao presente

Leónia Nunes, Investigadora no Centro de Ecologia Aplicada Professor Baeta Neves, analisou os impactos das linhas eléctricas geridas pela E-REDES nos incêndios, concluindo que a “propensão para arder é maior em áreas de eucalipto e matos”. Por outro lado, quando os solos são usados para fins como a agricultura, os sistemas agro-florestais ou zonas urbanas, o efeito barreira – ou seja, a capacidade de anular ou atrasar a progressão dos incêndios – é visivelmente maior. Igualmente importante em termos de efeito barreira são as estruturas lineares, “verificando-se uma forte barreira nas auto-estradas e itinerários principais, muito fruto da sua largura”, disse a investigadora.

Ana Lopes de Sá – investigadora do Instituto Superior de Agronomia, apresentou a eficácia do trabalho da E-REDES e do Estado na prevenção de incêndios. No caso da E-REDES, com as suas

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