A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, elogiou hoje a cereja de Resende e a sua melhoria, resultado de um processo de investigação, que levou a investimentos no maior produtor privado do concelho.
“A rainha dos frutos que é a cereja hoje tem uma pele completamente diferente, fruto de investigação que a torna muito mais resistente aos insetos, muito mais resistente à chuva” – apesar das chuvas de maio deste ano, “as cerejas não estão rachadas”, graças a esse “processo de investigação”, destacou Ana Abrunhosa.
A ministra deslocou-se hoje a Resende, onde assistiu à consignação da requalificação das Caldas de Arêgos e visitou a Cermouros, a maior empresa privada do setor da cereja no concelho de Resende.
“Somos o maior produtor de cereja, assumimos perto de 50% da produção no concelho e a nível nacional, como entidade privada, somos o maior produtor nacional”, disse o responsável pelo departamento agrícola e de qualidade da empresa.
Francisco Guedes explicou à ministra, no decorrer da visita às instalações, que a Cermouros tem 300 hectares no concelho de Resende, onde a cereja ocupa a maior parte do terreno, mas também tem maçã, pera, nectarinas e pêssegos e vinha.
Assim, disse, acaba a campanha da cereja, que este ano começou em 16 de abril e deverá terminar em 10 de agosto, e começa a das nectarinas e pêssegos e a empresa funciona o ano inteiro, com as diversas culturas.
Esta unidade é, desde os finais de 2017, parceira da Câmara Municipal de Resende e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, num projeto de investigação para a melhoria da qualidade do produto, que foi submetida a uma candidatura para a obtenção de apoio financeiro e que vai resultar num manual de boas práticas.
Desde então, explicou Francisco Guedes, “a linha do uso de produtos químicos tem vindo a descer e a curva do uso de minerais está a crescer”, o que acaba por se refletir na cereja que “está cada vez resistente, até à picada dos insetos”, a par de uma rede protetora que a empresa está a usar nos terrenos.
“É uma malha muito fina que permite, em alguns casos, termos vários exemplos, um que nem sequer permite que entrem os insetos e outra componente que só se tapa por cima para proteger das intempéries e da chuva”, explicitou.
Um processo “bastante oneroso” e, por isso, tem vindo a ser feito de forma gradual e, neste momento, deve “estar tapado” um terço dos hectares que a empresa tem no concelho de Resende e de Valpaços, onde tem mais produções agrícolas.
“A nossa produção, a arte de produzir, é praticamente uma fábrica a céu aberto e temos de ter em conta as intempéries, o excesso de chuvas, mais granizo, gelos, etc. Essas coberturas que instalámos servem para salvaguardar as árvores e a produção”, sublinhou o responsável.
A empresa vende a cereja, essencialmente, no comércio nacional, e o “grande volume de negócios é nas grandes superfícies” do país.
A vertente comercial é, aliás, a lacuna dos produtores no concelho e, segundo o presidente da Câmara de Resende, já foi feita uma candidatura, “mas já não havia dinheiro” e agora a esperança está no próximo quadro comunitário de apoio, para “ajudar os produtores a comercializar” o seu produto.
Para já, e não havendo o tradicional festival da cereja, Garcez Trindade desafia as pessoas a deslocarem-se à sede do concelho ao fim de semana onde há produtores a vender o fruto, no espaço onde acontece a feira.
“Tivemos de garantir que as pessoas que fazem a apanha não estavam infetadas. A Câmara desenvolveu um plano, juntamente com as autoridades locais, de modo a testar semanalmente, praticamente, as pessoas”, contou.
Os produtores que estarão a vender a cereja são testados na sexta-feira e, “até à data, não houve nenhum caso” positivo ao vírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, e, por isso, está “garantida a qualidade e a sanidade do produto”, concluiu Garcez Trindade.