A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) alertou hoje, no parlamento, para a escassez de alguns fatores de produção, criticando a “irracionalidade” no desenho de medidas de apoio ao impacto da covid-19 no setor.
“Verificamos que se mantém uma situação, que até se agravou, e tem a ver com o preço dos fatores de produção e com a sua escassez, nomeadamente da alimentação para os animais, e o estrangulamento dos canais comerciais”, afirmou o dirigente da CNA, Vítor Rodrigues, que falava, por videoconferência, numa audição parlamentar na Comissão eventual para o acompanhamento para a aplicação de medidas de resposta à pandemia da doença de covid-19 e do processo de recuperação económica e social.
Neste sentido, segundo o dirigente, o Governo avançou com um conjunto de medidas que se revelaram “insuficientes” e construídas sobre uma base “que tinha irracionalidade no seu desenho”.
A CNA disse que, por exemplo, o apoio para o setor do vinho deixou de fora um conjunto de produtores que não engarrafam, mas produzem para o setor, enquanto, no caso do apoio para o setor do leite, os produtores de queijo não estão a ser ajudados.
Assim, a confederação reiterou ser necessária a adoção de um conjunto de medidas que mitiguem o impacto da pandemia no setor agrícola, nomeadamente, uma linha de apoio especial para o associativismo agrícola, a reposição da eletricidade verde e uma linha de crédito bonificada de longa duração.
“É necessário aprofundar as compras públicas para refeitórios e cantinas e garantir níveis mínimos de autoaprovisionamento de alimentos e fatores de produção”, acrescentou.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal morreram 17.025 pessoas dos 849.093 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.