Laboratório para proteção de culturas de Elvas com obras de 2,4ME

As obras do novo espaço do Laboratório Colaborativo InnovPlantProtect (InPP) de Elvas (Portalegre) devem ficar concluídas em julho, num investimento superior a 2,4 milhões de euros, revelou hoje fonte do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

O InPP é uma associação privada sem fins lucrativos, criada em janeiro de 2019, e que reuniu, na altura, mais de sete milhões de euros para a sua instalação, tendo contratado 38 trabalhadores qualificados, que têm como missão desenvolver novas tecnologias para a proteção das culturas.

“Foram criados 38 postos de trabalho”, dos quais 16 são investigadores doutorados, 17 são mestres e cinco são licenciados, disse à agência Lusa o diretor do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) de Elvas, Benvindo Maçãs.

Trata-se de “pessoas altamente qualificadas”, sublinhou, realçando que a obra do novo espaço “está a decorrer”, devendo “ficar concluída em julho”.

O InPP, que funciona provisoriamente no primeiro andar do INIAV de Elvas [antiga Estação de Melhoramento de Plantas], foi constituída por iniciativa da Universidade Nova de Lisboa, contando com 12 fundadores, de entre os quais a Universidade de Évora, Câmara de Elvas, Syngenta Crop Protection e Bayer CropScience Portugal.

De acordo com o responsável, o novo espaço do InPP vai surgir num piso térreo do edifício principal do INIAV de Elvas.

O diretor do InPP, Pedro Fevereiro, explicou hoje à Lusa que a atividade do laboratório teve inicio em janeiro do ano passado e que a missão deste projeto passa por produzir produtos baseados em biologia molecular e serviços baseados em tecnologias digitais.

Os profissionais do InPP estão a desenvolver, atualmente, uma vacina biológica para combater a Xylella fastidiosa, bactéria que “ataca” as plantas, como a oliveira, matando-as aos poucos.

“Esta bactéria, já detetada no norte de Portugal, é atualmente considerada uma doença de quarentena. Isto quer dizer que, nesta fase, está a tentar-se conter a disseminação desta doença, destruindo todas as plantas em que se verifica a presença da bactéria”, explicou.

O responsável acrescentou que a doença “ataca” os olivais e amendoais e que, nesta altura, já se encontra “disseminada” em Espanha.

“A previsão é que chegue a Portugal, mais cedo ou mais tarde, e o que queremos é estar prevenidos o mais possível contra esta doença que, basicamente, mata as árvores”, alertou.

Os profissionais do InPP estão também a “trabalhar” numa solução para uma doença que ataca os cereais, conhecida como “ferrugem amarela”.

“Embora tenha tratamento, com pesticidas utilizados como preventivos, queremos evitar ou reduzir” a utilização desses produtos substitui-los “por processos mais biológicos ou desenvolver variedades, neste caso trigo para pão, que seja resistente a esta doença”, indicou.

Um outro projeto em curso estuda a estenfiliose, uma doença que afeta a pera-rocha, nomeadamente através de um fungo que produz “manchas castanho-escuras” no fruto, tornado “inviável” a sua comercialização.

“Estamos a tentar compreender a interação entre o fungo e o fruto, os estímulos moleculares que permitem a instalação do fungo”, para, depois, “criar uma solução biológica que permita proteger as peras contra este fungo”, revelou.

Segundo Pedro Fevereiro, o InPP também está ativo na área digital, nomeadamente com iniciativas no âmbito da Xylella fastidiosa ou da monitorização da “morte súbita” dos sobreiros, além de prestar vários tipos de serviços a produtores e empresas.


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