Eduardo Oliveira e Sousa

Água… o ouro que escorre para o mar – Eduardo Oliveira e Sousa

Se uma parte da água que está a escorrer para o mar fosse retida, estaria seguro o seu uso nos anos vindouros para a agricultura, para o turismo e até para o combate à desertificação e fogos rurais.

Muito se tem escrito sobre água, a sua importância, a sua escassez, o seu valor. Também muito se tem escrito sobre seca, cheias, alterações climáticas, enfim, preocupações que a todos devem tocar e motivar para que consigamos continuar a viver neste nosso cantinho de que muito gostamos.

Relacionado com este e outros assuntos muito se tem escrito também sobre agricultura, modos de produção, uso e abuso de recursos, excessos e até ilegalidades. A vida é assim mesmo e por isso são necessárias regras, leis e regulamentos. Mas uma coisa está, ou deveria estar, na base de tudo o que praticamos. O conhecimento.

Nos dias de hoje não há desculpa para se continuarem a fazer investimentos ou escolhas alheadas do conhecimento. O conhecimento não é absoluto, nem tudo é conhecido, por isso se estuda e são importantes as universidades e institutos para que a evolução seja um processo contínuo, potenciador de mais e melhores resultados.

Foi com base neste princípio que a União Europeia lançou os desafios que recentemente aprovou e deseja implementar num horizonte apertado. O e a Neutralidade Carbónica são exemplos dessa ambição.

Mas, infelizmente, as opiniões que entre nós insistentemente se veiculam, numa tentativa de retrair o progresso e impedir a viabilidade da actividade agrícola mais intensa, mesmo que assente nos mais modernos modelos de exploração e produção, ganham peso numa sociedade que desvaloriza o mencionado conhecimento e aos poucos perde confiança nos actores daqueles processos, ou mesmo nos produtos deles resultantes. Tudo põem em causa sem irem ao âmago das questões, tal é a urgência em travar o progresso. A demagogia impera.

Alqueva salvou o Alentejo da ruína, está a trabalhar há meia dúzia de anos, mas só se ouvem críticas à sua volta. O Tejo ambiciona um novo futuro, mais sustentável e vanguardista para uma vasta região e rapidamente se incendeiam opiniões antes mesmo de se estudar o assunto. Trás-os-Montes aguarda por mais e melhores infraestruras hidráulicas para poder investir e apostar numa agricultura moderna e economicamente interessante, permitindo estancar o êxodo dos jovens e o consequente abandono dos campos. O Oeste suplica por soluções para a gestão da água que se vem agravando e coloca em risco o expressivo VAB ali produzido anualmente.


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