Morcegos devoradores de insetos vão combater pragas nos olivais

A substituição de inseticidas por morcegos nos olivais do Alentejo é um projeto lançado pela Universidade de Évora que ambiciona responder às alterações climáticas. Uma estratégia sustentável para a gestão de pragas que põe ao serviço dos campos agrícolas o controlo biológico fornecido pelos mamíferos voadores.

O que têm os morcegos que lhes confere o estatuto de arma contra as pragas aumentando a resiliência dos olivais? “Consomem uma grande quantidade de insetos durante a noite, tanto traças como moscas, que são duas pragas das oliveiras”, explica José Herrera do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Évora, que se encontra a coordenar o projeto OLEAdapt.

Revela que já há exemplos de sucesso noutras culturas pelo mundo, onde a entrada do morcego se está a revelar eficaz, mais barata e sustentável, comparativamente com a aplicação de inseticidas.

“O papel económico do morcego, sobretudo em culturas tropicais, tem sido demonstrado na produção de cacau, arroz e café”, explica José Herrera, lamentando que exista aos dias de hoje uma contrariedade à função daqueles mamíferos voadores nos campos do Alentejo.

Isto porque a intensificação dos olivais originou a perda de características nos campos que perturbam a ecolocalização deste mamífero, devido à paisagem homogénea. “Eles fazem uma imagem da paisagem através dessa ecolocalização. Se tudo o que está à frente dos morcegos é igual, não conseguem gerar uma imagem sobre onde podem ir ou até onde podem chegar”, justifica o investigador.

Segundo o projeto, o objetivo é levar os morcegos a fixarem-se entre os olivais, proporcionando refúgios às colónias entre velhas árvores ou abrigos artificiais. “A colocação de abrigos dentro dos olivais tem a dupla função de oferecer refúgios naturais para os morcegos poderem dormir durante o noite, mas também vão romper essa homogeneidade da paisagem, oferecendo os pontos de referência que eles precisam para se movimentarem.”

A Universidade de Évora justifica a aposta nesta investigação, alegando que o combate às pragas com recurso aos inimigos naturais das respetivas regiões traduz mesmo um fator chave para a adaptação de culturas agrícolas às alterações do clima.

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