O Grupo Operacional + ARROZ acaba de lançar o “Manual Boas Práticas na Gestão das Infestantes na Cultura do Arroz”, documento de trabalho fundamental para ajudar os orizicultores a implementar estratégias eficazes de controlo das infestantes em cada parcela, integrando métodos culturais, mecânicos e químicos.
O consórcio + ARROZ é liderado pela Lusosem e integra diversas outras entidades ligadas à produção e investigação na fileira do arroz: ADISA – ISA, Anseme, Aparroz, Cotarroz-CC, DRAP-Centro e INIAV.
O Grupo operacional + ARROZ – Sustentabilidade do agro-ecossistema arrozal nacional -, financiado pelo PDR 2020, tem como objetivo encontrar soluções estruturais e sustentáveis, orientadas para a resolução do problema do controlo de infestantes no arroz, nomeadamente de Echinochloa spp, nas três regiões orizícolas em Portugal.
As infestantes do arroz representam um problema crescente para os orizicultores em Portugal, tal como noutras regiões produtoras de arroz a nível mundial, e são o principal fator biótico responsável pela perda de rendimento na cultura, chegando a originar quebras de produção de 35%. Por outro lado, a resistência das infestantes aos herbicidas é um problema crescente que ameaça a sustentabilidade da cultura, tendo já sido detetadas em Portugal resistências em populações de Echinochloa spp.
Este Manual, que integra os resultados do projeto + ARROZ e que pode ser descarregado no site do projeto (https://www.maisarroz.com/resultados), é um guia de carácter operacional em que o consórcio propõe ao orizicultor, de uma forma muito prática, uma abordagem sistémica ao problema da gestão das infestantes, através de estratégias que envolvem todo o sistema cultural com uma planificação no médio e longo prazo, e não apenas centrada na aplicação de herbicidas.
No Manual, realizado com uma abordagem simplificada às principais infestantes, incluiu-se a sua identificação, a problemática das resistências e ponto de situação actual, além disso, também se apresentam os meios de controlo culturais, como a rotação de culturas (com outros cereais ou leguminosas), tendo sido comprovado através de ensaios que é possível reduzir em mais de 90% a presença de infestantes em arrozais com a introdução de rotação (no caso de estudo a rotação foi milho-girassol-pousio-arroz). Nas operações culturais de Outono-Inverno recomendam-se, entre outras, a queima dos restolhos; a incorporação de palhas, restolhos e infestantes no solo com rodas-arrozeiras e o reviramento superficial do solo no início da primavera, como formas de controlo das infestantes.
A falsa sementeira é proposta pelo consórcio como medida que melhora o controlo das infestantes. Nos ensaios realizados, esta técnica permitiu uma significativa redução na pressão de infestantes (milhãs e arroz-bravo) aquando da aplicação de herbicidas de pós-emergência. Ainda no âmbito dos meios culturais é recomendada a alternância de diferentes técnicas de sementeira do arroz – com lâmina de água vs. em seco a lanço – como uma ferramenta útil para a gestão de infestantes. A sementeira em seco enterrada é também abordada.
No capítulo dos meios de controlo químico foi desenvolvido um “Guia para o Orizicultor 2020”, com base nos herbicidas autorizados em Portugal, e são apresentados três programas de controlo das infestantes que se destacaram entre os muitos testados. Estes programas recorrem à utilização de herbicidas com diferente modo de ação, procurando alcançar uma maior eficácia e, paralelamente reduzir o risco do desenvolvimento de resistências aos herbicidas.
O consórcio alerta que «a complexidade destes programas implica que, para a tomada de decisão, se tenha um grande conhecimento da parcela, do histórico das infestantes e produtos utilizados, das infestantes presentes, dos produtos fitofarmacêuticos disponíveis, do maneio da água e das condições no momento da aplicação».
Para auxiliar os orizicultores a selecionar os herbicidas mais adequados no controlo de cada infestante, em cada estado fenológico da cultura e estado fenológico das infestantes, o projecto + ARROZ criou também uma Ferramenta Inteligente de Apoio à Decisão (FIAD), que pode ser consultada no website do projeto: https://www.maisarroz.com/fiad
Por fim, mas não menos importante para a eficácia dos tratamentos herbicidas, o Manual inclui um subcapítulo sobre Qualidade da Pulverização, com conselhos práticos sobre preparação e volume da calda, uso de adjuvantes, escolha dos equipamentos de aplicação e tipo de bicos e sua manutenção.
O Grupo Operacional +ARROZ resultou da vontade da Lusosem e dos restantes parceiros do consórcio em implementar estratégias conjuntas para a criação de valor na cultura do arroz, uma fileira estratégica para a soberania alimentar nacional e para o desenvolvimento do mundo rural.
Desde a sua génese, há 20 anos, a Lusosem tem um enorme compromisso com a sustentabilidade do Arroz Nacional promovendo a inovação e o desenvolvimento de soluções (sementes, agroquímicos e fertilizantes) que asseguram a viabilidade da cultura, numa ótica de valorização da fileira em forte colaboração com os diferentes intervenientes, desde a produção à indústria, atuando sempre de forma sustentável e responsável, apostando numa forte presença no campo, aportando assistência e conhecimento ao setor (agricultores, técnicos, organizações de produtores) numa lógica de proximidade.
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O artigo foi publicado originalmente em Rede Rural Nacional.