Para modernizar o processo produtivo em estufas a Universidade de Évora (UÉ) está a apostar na formação especializada de produtores, em particular dos jovens produtores, recorrendo para tal à introdução de tecnologias avançadas. O objetivo passa pela sustentabilidade do sector e desta forma potenciar a criação de emprego local, dinamizar a economia e aumentar a eficiência da produção bem como o retorno económico.
“Pretendemos oferecer uma formação inovadora em tecnologias avançadas em estufas, tendo em conta a adequação das tecnologias às culturas em cada região de modo a garantir a sustentabilidade da produção” adianta Fátima Batista, Professora do Departamento de Engenharia Rural e investigadora no MED da academia eborense, a coordenar na UÉ, o projeto NEGHTRA (Next Generation Training on Intelligent Greenhouses), financiado pela União Europeia.
É através da transferência de conhecimento em agricultura de precisão, em particular na produção em estufas e com foco nas necessidades e desafios específicos do sector que a equipa do projeto espera contribuir para o aumento da eficiência dos sistemas de produção e do seu potencial económico, “aspetos fundamentais para este sector face aos desafios ambientais e societais com que atualmente nos deparamos” sublinha Fátima Batista.
O NEGHTRA visa desta forma desenvolver um sistema de ensino/aprendizagem adaptável e flexível, garantindo um ensino de alta qualidade e “mostrar como a inovação, o empreendedorismo e a utilização da tecnologia podem beneficiar os negócios e as aptidões pessoais” destaca a professora da UÉ referindo que O projeto será implementado por um consórcio abrangente de 5 IES, 4 PMEs especializadas e 7 intermediários, cada um contribuindo com sua experiência e capacidade de divulgação. Será complementado por 5 Parceiros Associados com acesso direto às comunidades agrícolas.
Responsável pela preparação dos materiais de apoio à formação nas temáticas da eficiência energética e no impacto da redução da pegada de carbono, a Universidade de Évora é líder do Plano de Qualidade deste projeto colaborando ainda na definição e na preparação dos materiais para as restantes temáticas, participando em praticamente todos os planos definidos do projeto, “em particular nas atividades de formação, gestão e de divulgação” sublinha Fátima Batista contando com o envolvimento dos investigadores Vasco Fitas da Cruz, José Rafael Marques da Silva, Luís Leopoldo Silva, Adélia Sousa, Teresa Batista e José Carlos Rico.
“Este projeto permite realizar atividades de investigação em estreita colaboração com instituições de reconhecido renome internacional na área das estufas” sublinha a investigadora da UÉ, estando prevista a realização de estágios de curta e média duração para estudantes de mestrado e de doutoramento permitindo a realização de trabalhos de investigação no âmbito das suas dissertações e teses.
“Ao criar a oportunidade de novas aprendizagens para os técnicos, produtores em geral e em particular para os jovens agricultores, espera-se que este projeto possa contribuir para a melhoria das condições de produção e para a sustentabilidade do sector”, frisa Fátima Batista, estabelecendo para tal, contactos com várias entidades do sector (produtores, associações de produtores, autoridades regionais, formadores, consultores, etc), muitas das quais, “mostraram interesse em participar neste projeto.
Ao tratando-se de um projeto Erasmus, a importância deste projeto “ultrapassa as fronteiras e estende-se a uma dimensão Europeia que permitirá promover outros processos de cooperação e troca de informação, tendo por base as especificidades climáticas e geográficas dos vários países” destaca ainda a investigadora.
Recorde-se que o departamento de Engenharia Rural da UÉ apresenta elevadas competências e experiência na área das tecnologias de controlo ambiental em estufas, tecnologias da rega, agricultura de precisão e outras tecnologias inovadoras, tais como a deteção remota e os sistemas de informação geográfica onde, a produção sustentável é um aspeto sempre considerado nas várias disciplinas lecionadas. “Existe uma grande ligação entre os departamentos que lecionam na área das ciências agrárias e ambientais, bem como com departamentos cujo foco é a área da economia e gestão” lembra Fátima Batista.