Paulo Pimenta de Castro Público

O suicídio das celuloses e o nosso – Paulo Pimenta de Castro

Dos cerca de um milhão de hectares de plantações de eucalipto existentes no país, cerca de dois terços está ao abandono. Através de uma estratégia de fomento desenfreado da oferta, as celuloses têm em curso uma, oficialmente autorizada, expansão de área de eucaliptal em modo de “escavação” contínua.

Até meados da década de 90 do século passado, ainda se poderia minimamente argumentar que as empresas produtoras de pasta celulósica tinham um razoável grau de responsabilidade social e ambiental. Isto, apesar de uma luta frenética e irracional pela aquisição de terras, para a instalação de eucalipto onde a racionalidade muitas vezes inviabilizaria. Apesar de tudo, dispunham de um considerável grau de investimento em investigação, mas, mais importante do que isso, em serviços de aconselhamento directo aos seus fornecedores de madeira. Apesar do desmantelamento da entidade de regulação económica do sector silvo-industrial, que deu à indústria poder absoluto de manipulação dos mercados, ainda dispunham de um acordo público de negociação anual do preço à porta da fábrica com uma confederação de agricultores. Hoje, por omissão do Estado, gerem o mercado e o país a seu bel-prazer.

Dos cerca de um milhão de hectares de plantações de eucalipto existentes no país, cerca de dois terços está ao abandono. Através de uma estratégia de fomento desenfreado da oferta, para assim manipular o preço de aquisição da rolaria, as celuloses têm em curso uma, oficialmente autorizada, expansão de área de eucaliptal em modo de “escavação” contínua. Uma “escavação” do território sem recuperação da área já explorada. Daqui se explica que no país existam áreas com produções unitárias de eucalipto acima dos vinte metros cúbicos por hectare e ano, mas a média nacional ande por uns miseráveis seis metros cúbicos. A aposta é em quantidade, não em qualidade. Quantidade, permitida pelas governações, que fazem aumentar os riscos no território (incêndios, pragas e doenças). Argumentam com as exportações. Mas, se a preocupação for com as exportações, também deveria ser

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