«Em 2020 olhamos para o solo como o motor da nossa indústria»
A obra “Herdade da Parreira- Sustentabilidade Económica e Ambiental – 1972-2020” é um legado para as gerações futuras de agricultores e produtores pecuários no sistema agro-silvo-pastoril do Montado e não só.
O Eng. Nuno Marques, agricultor vencedor de prémio internacional sobre gestão e conservação do solo, é o autor desta obra que retrata os 48 anos de história da Herdade da Parreira, em Montemor-o-Novo, onde a Agricultura de Conservação é praticada desde final da década de 80 com uma rentabilidade muito interessante e evidentes benefícios ambientais.
«Entendemos que partilhar o que fizemos no passado, o que fazemos no presente e o que faremos no futuro é nossa obrigação, para os que estiveram antes de nós e os que virão no futuro. O que nos move é deixar o solo que explorámos nestes 48 anos mais fértil do que aquele que encontrámos. Esse legado é uma realidade e faz diferença para quem vier a seguir», afirma o autor, que escreveu esta obra durante o confinamento e em plena pandemia.
Nuno Marques é Engenheiro Agrónomo, licenciado pela Universidade de Évora, e proprietário da empresa Bovicer – Bovinos e Cereais, Lda, que produz 220 hectares de regadio de culturas forrageiras e cereais de Outono-Inverno, faz recria de bovinos de carne e gere uma área considerável de montado de sobro e azinho.
Além de retratar o passado, nesta obra o autor dedica-se sobretudo a projetar o futuro, partilhando com o país e o mundo a sua estratégia empresarial para os próximos 10 anos. Descreve em diversos capítulos, o maior dos quais dedicado ao Solo, como pretende atingir os objetivos estabelecidos até 2030.
As principais metas traçadas são: alcançar um preço médio de venda por cabeça (bovino) de €1.600 e atingir a suplementação zero no efetivo reprodutor; conseguir uma produção média de 7 ton/hectare no trigo mole e de 12ton matéria seca/hectare nas forragens e, ainda produzir 100% da energia consumida através da instalação de unidades de produção de energia solar.
«Em 2020 olhamos para o solo como o motor da nossa indústria e para isso temos tentado melhorar a sua estrutura e aumentar o seu teor de matéria orgânica, de modo a que a sua eficiência no uso de fatores seja cada vez maior e as suas limitações cada vez menores», escreve o Eng. Nuno Marques.
O prefácio do livro é da autoria de Mário Carvalho, Professor Catedrático da Universidade de Évora, que refere: «O modelo em vigor nesta empresa agrícola tem que servir de inspiração à generalidade das empresas no Alentejo. A vocação do nosso território são os sistemas agro-silvo-pastoris, pois são as sinergias e complementaridade entre as três atividades que permitem sustentar o negócio face às condições existentes, particularmente de solo e clima».