esca uva

Medidas preventivas – Doenças da vinha

Conheça as medidas preventivas para combater as doenças da vinha.

Síndrome da ESCA ou Síndrome da Esca (Phaemoniella chlamydospora, Phaeoacremonium spp., Fomitiporia mediterranea, etc.)

A esca é uma doença causada por um  complexo de fungos. Algumas espécies destes fungos, ditos pioneiros ou primários, colonizam a videira numa fase inicial. Numa fase posterior, o lenho da videira, já doente, é invadido por outros fungos, secundários, que operam a degradação final da madeira.

Procure recuperar ou regenerar, pelo menos temporariamente, as videiras menos afetadas, cortando (atrasando) o tronco principal até à zona que não apresente sintomas primários no lenho.

Outra forma de regeneração das videiras, sobretudo das que estiverem menos atacadas pela esca e sejam ainda jovens, é a reenxertia. Para isso, é necessário cortar a videira abaixo do anterior ponto de enxertia. A reenxertia apenas deve ser feita, se o tronco do porta-enxerto não apresentar sintomas primários da esca.

Para maior garantia do êxito da operação, deve verificar se a casta a enxertar é compatível com o porta-enxerto já instalado. Deve fazer-se uma enxertia perfeita, procedendo no fim a um cuidadoso isolamento do ponto de enxertia, com isolcoat ou cera de abelhas.

Esta forma de regeneração de videiras atacadas pela esca, permite beneficiar de um sistema radicular já desenvolvido, garantindo, quer a sobrevivência da planta reenxertada, quer uma mais rápida reentrada em produção.

Medidas preventivas durante a poda

  • As videiras que tenham secado durante o verão, ou que estejam muito enfraquecidas, sem possibilidade de recuperação, devem ser arrancadas antes da poda ou no seu início, para reduzir os focos de infeção dos fungos da esca durante a poda.
  • A poda deve ser moderada. Não faça cortes extensos nem podas severas, muito menos nas videiras afetadas, a não ser para as tentar reconstituir ou reenxertar.
  • Pode com tempo seco e sereno.
  • Pode as videiras com esca à parte.
  • Desinfete as feridas de poda, por pulverização ou por pincelagem, à medida que vai avançando (ao final de cada dia, por exemplo). As feridas de poda permanecem como vias de infeção pelos fungos do lenho durante um longo período de tempo. A proteção das novas feridas e das mais antigas é fundamental para limitar o desenvolvimento dos fungos da esca e de outras doenças do lenho.
  • Nesta desinfeção utilize produtos químicos, à base de boscalide piraclostrobina (TESSIOR) ou biológicos, à base de Trichoderma (BLINDAR ● ESQUIVE WP ● VINTEC).
  • Desinfete os instrumentos de poda com lixívia ou álcool, durante o trabalho.
  • Se não utiliza destroçador, retire do terreno e queime toda a lenha, com ou sem sintomas de esca.
  • A lenha de poda, mesmo com sintomas de esca, também pode ser devolvida à terra. Para tal deve ser triturada mecanicamente e compostada, durante pelo menos 6 meses. As temperaturas atingidas no processo de compostagem, destroem os fungos presentes na lenha.
  • O composto pode ser então espalhado na vinha, quer constituindo um mulsching na linha, impedindo a emergência de infestantes, quer como fertilizante orgânico. Os produtos à base de Trichoderma são autorizados no Modo de Produção Biológico (e podem também ser usados nos outros modos de produção).

Flavescência Dourada

Para eliminar os focos de infeção e limitar a progressão da doença, devem ser tomadas.

Medidas Preventivas

  • Arrancar as videiras infetadas pela FD, logo que forem detetadas, para impedir que transmitam a doença às videiras sãs.
  • Arrancar as videiras e vinhas abandonadas.
  • Durante o inverno, arrancar os pés de videiras americanas e as videiras abandonadas nas imediações das vinhas;
  • Não aproveitar o porta-enxerto instalado, de uma videira com sintomas de FD, para reenxertia, pois é também portador da doença. Pelas mesmas razões, não tente renovar o tronco.
  • Videiras infetadas pela FD, não voltarão a produzir. Mante-las na vinha ou na sua vizinhança, contribuirá apenas para aumentar rapidamente o número de plantas doentes nos anos seguintes.
  • Vinhas com mais de 20% das videiras infetadas por FD, deixam de ter viabilidade económica – devem ser arrancadas e substituídas;
  • Todos os detritos de trabalhos de arranque, devem ser removidos e queimados.
  • Plantar videiras sãs (isentas da doença).

Como a FD não se propaga nem fica no solo, podem ser plantadas novas videiras no mesmo local das que forem arrancadas.

Doença de Petri

Medidas preventivas 

  • Na instalação de vinhas novas, 1) proceder à preparação cuidadosa do terreno, mobilizando-o em profundidade, 2) utilizar porta-enxertos e garfos ou enxertos-prontos de proveniência segura, sem doença, 3) fazer uma adubação de fundo e incorporação de matéria orgânica baseadas nos resultados da análise prévia do solo, 4) plantar a nova vinha durante o inverno, o mais tardar até fevereiro 5) Quando se utiliza broca, deve-se ter o cuidado de picar as paredes da cova de plantação, de forma a permitir que as raízes da videira se possam desenvolver livremente.
  • Criar as melhores condições para o desenvolvimento vegetativo das videiras (condução, drenagem, fertilização, rega, etc.)
  • Desinfetar as feridas de poda, por pulverização ou por pincelagem, com um fungicida homologado à base de Trichoderma (DONJON).

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e pode ser também utilizado nos outros modos de produção.

Escoriose americana

Medidas preventivas 

  • Durante a poda, deve cortar e queimar as varas que apresentem sintomas.
  • Nas videiras com sintomas severos da doença, é necessária uma poda mais longa, tendo em conta que os gomos da base poderão não rebentar.
  • Deve reservar varas para enxertia apenas em cepas isentas de escoriose (e de outras doenças do lenho (esca, eutipiose) e de flavescência dourada).

Botriosferiose

Esta doença foi identificada no Entre Douro e Minho já no corrente século.

Medidas preventivas 

  • Podar o mais tarde possível, com tempo seco.
  • Podar em último lugar as plantas doentes.
  • Queimar a lenha de poda.
  • Proteger as feridas de poda com um fungicida pulverizado ou por pincelagem (feridas maiores). Podem ser usados fungicidas químicos (TESSIOR) ou biológicos, à base de Trichoderma (ESQUIVE WP)
  • Na instalação de vinhas novas, é necessário preparar bem o solo, criando uma estrutura favorável, a boa profundidade, que permita o desenvolvimento de um sistema radicular forte (raízes). Só um sistema radicular bem desenvolvido e saudável pode assegurar uma boa absorção de água pelas videiras e diminuir as possibilidades de stress hídrico.
  • Arrancar ou recuperar as vinhas abandonadas.

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e noutros modos de produção.

Pé-Negro da videira

Esta doença, introduzida na Região já no século XXI, é provocada por um conjunto de fungos que comprometem a produção e a longevidade das vinhas jovens, causando elevados prejuízos.

Verifica-se nas videiras doentes um atraso de desenvolvimento vegetativo, menor vigor, entrenós curtos, atempamento irregular das varas e folhas com cloroses e necroses idênticas às da esca. Os cachos podem secar. Na Região verifica-se também: seca de porta-enxertos, enxertos-prontos que morrem no ano seguinte à plantação, mau pegamento à enxertia, morte após o início da rebentação.

Medidas preventivas 

  • Utilização de material são na plantação de vinhas novas.
  • Se utiliza broca na plantação, deve ter o cuidado de picar as paredes da cova, para permitir que as raízes se desenvolvam livremente.
  • Proporcionar às videiras as melhores condições possíveis para o seu desenvolvimento vegetativo.
  • Evitar os fatores de stress para as plantas, como por exemplo, compactação do solo e má drenagem.
  • Não forçar as videiras a grandes produções muito cedo, sem que o seu sistema radicular esteja bem desenvolvido.

Eutipiose

As videiras infetadas por eutipiose, devem ser podadas o mais tarde possível, em fase de seiva ascendente (quando as varas cortadas “choram”). Esta secreção de seiva (“chora”) protege os cortes da poda da contaminação pela eutipiose.

As temperaturas mais amenas, numa poda de fim de inverno, permitem a cicatrização mais rápida das feridas de poda. Os cortes podem ser desinfetados com produtos químicos (TESSIOR) ou biológicos, à base de Trichoderma (ESQUIVE WP ● VINTEC), por pulverização ou pincelagem. Na instalação de novas vinhas, pode ser aplicado VINTEC nas covas de plantação.

O uso de produtos à base de Trichoderma é autorizado no Modo de Produção Biológico e nos outros modos de produção.

Podridão Negra

Medidas preventivas 

  • Arranque as vinhas e videiras isoladas abandonadas, que são potenciais focos primários de infeção.
  • Durante a poda, corte e retire da vinha varas, gavinhas e restos de cachos com bagos mumificados, que mostrem sintomas de black-rot.
  • Recomenda-se a passagem de uma grade de discos ou do destroçador de lenha de poda, paraenterrar os bagos necrosados com black rot, que ficam no solo durante o inverno. Como o fungo que causa o black rot não se desenvolve sem luz, enterrando os bagos, reduz-se o inóculo para a primavera seguinte.

Cochonila-Algodão

Medidas preventivas 

Durante a poda, cortar a lenha com cochonilhas tanto quanto possível, sem prejudicar a produção futura.

Retirar a casca morta do tronco das videiras onde observar posturas e cochonilhas (protegidas sob massas de “algodão” branco) abrigadas para passar o inverno. Ficarão assim expostas ao frio e aos tratamentos fitossanitários. Lenha de poda e casca devem ser queimadas no local.

O frio do inverno pode ser suficiente para eliminar uma parte importante da população. No entanto, pode fazer um tratamento localizado destas videiras, utilizando um óleo parafínico (ex- óleo de verão). Os óleos parafínicos não devem ser aplicados com temperaturas inferiores a 5 ºC.

O uso de óleos parafínicos é autorizado no Modo de Produção Biológico e nos outros modos de produção.

Nemátodes da Vinha

As espécies Xiphinema index e Xiphinema italiae, que são transmissoras de vírus, podem causar elevados prejuízos à Vinha.

Antes da plantação de novas vinhas, devem ser colhidas amostras de terra para análise e eventual despiste destes nemátodes.

A presença de nemátodes do género Xiphinema no solo é impeditiva da plantação de Vinha.

Os nematodes Xiphinema index e Xiphinema italiae aparecem raramente nas amostras provenientes de toda a Região Norte de Portugal, entradas no Laboratório.

Formiga-Branca

Recomendamos que, na preparação dos terrenos para plantação e replantação de Vinha, sejam retirados do local todos os restos de troncos e raízes de árvores e de videiras ali arrancadas.

Nunca enterrar na vinha ou nas proximidades, troncos, raizeiros e outras lenhas de árvores ou videiras arrancadas na preparação de terrenos para Vinha, para evitar a atração e instalação de colónias de formiga-branca.

Por outro lado, caso verifique um ataque de formiga-branca, deve procurar encontrar e destruir os ninhos, o que pode ajudar a remediar o problema.

Podridão Agárica – Podridão radicular –  (Armillaria mellea)

No outono, aparecem os carpóforos (cogumelos) do fungo, na base dos troncos das videiras infetadas ou já mortas por Armillaria. O aparecimento destes cogumelos pode ser um indicador seguro da presença da doença.

Medidas Preventivas

  • As videiras atingidas por Armillaria devem ser arrancadas, retirando cuidadosamente todas as raízes e queimando-as de seguida.
  • Não plantar novas videiras no mesmo local das que foram arrancadas por terem Armillaria. O resultado seria a infeção das videiras novas, que viriam a morrer rapidamente.
  • Aplicar na cova, antes da plantação, produtos à base de Trichoderma asperellum + Trichoderma gamsi, para prevenir e minimizar o desenvolvimento de podridão agárica (Armillaria mellea). A aplicação destes produtos deve ser feita, seguindo rigorosamente as instruções dos fabricantes (rótulo, ficha técnica). Justifica-se, sobretudo, quando há já no terreno indícios da presença do fungo (Armillaria).

O artigo foi publicado originalmente na Circular n.º 21/20 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.

O artigo foi publicado originalmente na Circular n.º 19/21 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.

 


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