As políticas da União Europeia e de sustentabilidade global enfatizam a necessidade de substituir alguns agroquímicos por “alternativas mais seguras, eficientes e económicas” para garantir a produção sustentável de alimentos. Poderá a tecnologia baseada em RNAi contribuir para esse objetivo? Um estudo científico diz que sim.
Com o Novo Acordo Verde, a União Europeia pretende implementar novas políticas para uma produção de alimentos mais sustentável. Um dos pilares desse acordo é a estratégia Farm-to-Fork (F2F) da Comissão Europeia (CE), que, entre muitas medidas, propõe uma redução substancial da utilização de agroquímicos (pesticidas, fertilizantes e antimicrobianos) para uma maior sustentabilidade e saúde, diminuição da perda de biodiversidade e proteção das culturas agrícolas.
Como ações promotores destes objetivos, a CE aponta a gestão integrada de pragas, a pratica de uma agricultura de precisão e inteligência artificial e níveis máximos de tolerância para resíduos de pesticidas em commodities importadas. A redução de agroquímicos está também prevista na estratégia “Biodiversidade 2030”, como uma forma de reverter o declínio de pássaros e insetos polinizadores em terras agrícolas.
No entanto, a procura de soluções eficazes que substituam os agroquímicos convencionais tem ficado para trás, segundo os autores do estudo “Does RNAi-Based Technology Fit within EU Sustainability Goals?“, publicado a 5 de dezembro na ScienceDirect. Defendendo um maior investimento em I&D nessa área, e tendo em conta as novas políticas de sustentabilidade, os investigadores alertam para a necessidade de, em pouco tempo e a custo acessível, desenvolver produtos com altíssima precisão, que causem o efeito desejado unicamente na praga ou doença que se quer controlar, sem prejuízo para a saúde e ambiente.
Uma das tecnologias que permite alcançar as metas de redução de riscos associados aos pesticidas, garantem, é a tecnologia baseada em RNAi (Ácido Ribonucleico de interferência), um processo biológico natural no qual as moléculas de RNA inibem a expressão de um gene, neutralizando as moléculas específicas do RNA mensageiro (é mensageiro porque é responsável pela transferência de informação do ADN). Ou seja, as biomoléculas em que se baseia a tecnologia de RNAi têm um enorme potencial, não só por terem uma ação mais específica para as pragas e doenças que se pretende combater, mas também por serem seguras, quer para os organismos não alvo, quer para o ambiente.
Mais informações sobre o modo de ação da tecnologia baseada em RNAi no estudo “Does RNAi-Based Technology Fit within EU Sustainability Goals?
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.