Agroalimentar com Hong Kong, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Canadá na mira

Exportações o ano passado deverão atingir os 6,26 mil milhões de euros, em linha com 2019. Sector não arrisca previsões para 2021: é ainda “uma incógnita”.

Hong Kong, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Canadá são alguns dos novos mercados que o sector agroalimentar nacional tem na mira em 2021. O ano passado o sector foi dos poucos que conseguiu segurar o volume de exportações, esperando-se que se mantenha em linha com os resultados de 2019, que atingiram os 6,26 mil milhões de euros. “Este ano serão realizadas missões virtuais com alguns países e ações de comunicação alargada dos produtos portugueses, com grande enfoque no mercado europeu”, adianta Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods, associação que lidera o consórcio Portuguese Agrofood Cluster, que promoveu, em parceria com a ViniPortugal, o Digital Agrifood Summit, a primeira feira 100% digital do sector agroalimentar.

“Aguardamos os números de dezembro para ver como fecha 2020 ao nível das exportações. Tendo sido, para já, o ano mais fustigado pela pandemia covid-19 e prevendo-se que as exportações do setor não desçam – mantendo níveis de 2019 e talvez mesmo apresentando ligeiro crescimento -, é prova do trabalho que as empresas têm efetuado na promoção dos seus produtos nos mercados externos”, diz.

Este ano é ainda “uma incógnita”. “Há inúmeros parâmetros que não podemos controlar e que se prendem com a situação atual que vivemos, de total desconhecimento sobre o desfecho desta catástrofe a nível sanitário, com efeitos violentos na economia mundial. Assim, o trabalho de promoção externa deverá continuar a ser realizado, substituindo muitas das ações presenciais (feiras, missões,…) por ações por via digital, como foi o exemplo da Digital Agrifood Summit”, frisa. “Este ano serão realizadas missões virtuais com alguns países e ações de comunicação alargada dos produtos portugueses, com grande enfoque no mercado europeu”, refere ainda.

Mas o sector tem ainda na mira novos mercados. “Continuaremos a reforçar a nossa ação em mercados “consolidados”, como França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Brasil e Angola, mas iremos também trabalhar de forma mais especifica mercados com potencial, como os EUA, Japão, Coreia do Sul, Médio Oriente e China. Há novos mercados a apostar, como Hong Kong, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Canadá que estamos a estudar, por forma a selecionar a correta abordagem e quais os produtos que podem e devem ser trabalhados”, adianta.

Aposta no digital para a promoção do sector agroalimentar

Neste segundo o Plano Nacional Ações de Promoção Externa, estão previstas 766 ações, cerca de metade (49%) a ocorrer até junho, em 100 países. Alemanha (77), França (64), EUA (61), Espanha (60), Itália (39), Reino Unido (32), Canadá (25), China (25), Brasil (24), Rússia (19), México (13), Dinamarca, Países Baixos, Suécia (12 cada) e Japão (11) são as geografias onde Portugal vai focar as suas iniciativas. O grosso será na área do agroalimentar (145).

A maioria (39%) passará por feiras, 72% presenciais, mas, sinal dos tempos, 19% serão exclusivamente digitais e 8% mistas. “Voltaremos a ter feiras físicas, mas serão também digitais. Terão a componente B2B e reuniões entre empresas cada vez mais digital e espaços de feira puramente digitais”, disse Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, ao Dinheiro Vivo.

Como é o caso da Digital Agrifood Summit 2021. Ao todo 74 empresas nacionais exportadoras – como a Delta, a Ramirez, a Vale da Rosa, a Imperial Chocolate, a Vieira ouAveleda – marcaram presença. Receberam a “visita” de 300 empresas de 64 países. Espanha (72), México (34), Canadá (29), Alemanha (28), Estados Unidos (27), Reino Unido (26), Japão (25), Índia (20), Coreia do Sul (19) e Brasil (18) foram os países/empresas que marcaram mais presença.

“A 1ª edição da Digital Agrofood Summit foi, antes de tudo, numa situação de quase total ausência de ações de promoção externa presenciais, uma demonstração da dinâmica do setor agroalimentar português. O evento foi um desafio para todos os intervenientes, desde a organização, às empresas, à comunicação social e para todos os parceiros dado o pioneirismo da ação, que inserida no caminho no digital que se manterá como ferramenta de apoio às ações de promoção e internacionalização do setor”, diz Deolinda Silva.

Nos três primeiros dias da feira, através da plataforma, foram realizadas 250 reuniões virtuais B2B. “O balanço é claramente positivo, com 74 empresas expositoras e cerca de 300 compradores internacionais inscritos. As reuniões de negócio tiveram origem variada: desde logo, reuniões espontâneas dos compradores visitantes, reuniões pré agendadas pela empresa que nos assessorou neste trabalho e ainda através os convites direcionados pelas entidades organizadoras do evento”, refere.

“As reuniões existiram em número variado consoante o interesse dos compradores nas várias categorias de produto. Há testemunho de reuniões promissoras, situação mais usual numa feira, mas há também testemunho de realização de negócio. O trabalho de follow-up do evento é tão ou mais importantes do que a exposição entre os dias 20 e 23, uma vez que as empresas podem trabalhar os contactos feitos e efetuar novos contactos com os compradores inscritos”, explica.

A plataforma mantém-se online durante os 30 dias posteriores à feira para que as empresas possam fazer este trabalho de follow-up entre empresas e compradores internacionais.

O artigo foi publicado originalmente em Dinheiro Vivo.


por

Etiquetas: