A empresa suíça Quantis, com o apoio do EIT Climate-KIC, desenvolveu o geoFootprint, uma ferramenta lançada recentemente e que visa fomentar a sustentabilidade da agricultura através da inovação. Esta ferramenta combina dados de imagens de satélite com dados de parâmetros ambientais, permitindo aos utilizadores visualizar, com alta resolução, num mapa mundial interactivo, as pegadas de culturas chave, explicam os promotores.
Segundo o EIT, o geoFootprint «permite que as empresas e os intervenientes ao longo da cadeia de abastecimento possam simular, de forma instantânea, as pegadas ecológicas das culturas, dando visibilidade aos impactos» a nível das explorações, das condições em que estas se inserem e da cadeia de abastecimento – «desflorestação, uso de fertilizantes, irrigação, gestão do solo e outros factores» –, tornando assim possível uma «tomada de decisão mais rápida, melhor informada e mais sustentável». É sublinhado também que esta ferramenta «permite aos utilizadores avaliar os riscos gerados pelas alterações climáticas, disponibilidade e qualidade de água, saúde do solo e biodiversidade, de forma a assegurar as cadeias de abastecimento e o futuro da alimentação».
O EIT afirma que o geoFootprint «torna possível que as empresas reduzam a pegada ecológica das culturas nas suas cadeias de abastecimento, ao fornecer conhecimento que, até agora, era quase impossível de captar», vindo assim «preencher uma grande falha de conhecimento», o que permitirá «acelerar a transformação sustentável da agricultura». Para a entidade, «embora a agricultura seja um dos principais contribuintes para a crise climática e de biodiversidade, também representa uma das soluções com mais potencial».
«A agricultura é responsável por mais de 20% das emissões mundiais de gases com efeito de estufa. A natureza complexa e globalizada das cadeias de abastecimento representa para as empresas um imenso desafio de gestão de dados: as culturas são transaccionadas globalmente, mas as suas pegadas são calculadas localmente. Para reduzir a sua pegada e atingir metas ambiciosas, como a neutralidade em carbono, as empresas precisam primeiro de perceber o impacto da forma como as suas culturas são produzidas e geridas», defende Xavier Bengoa, gestor do projecto geoFootprint e consultor de sustentabilidade na Quantis. Está disponível aqui uma versão de acesso livre do geoFootprint, para «expandir o conhecimento público sobre a agricultura sustentável e os riscos suscitados na produção das culturas pelas alterações climáticas».
O geoFootprint foi desenvolvido no âmbito de uma iniciativa colaborativa, em que participaram mais de 25 parceiros públicos, privados e académicos. Suportado pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, da Comissão Europeia, o EIT Climate-KIC é uma «comunidade de inovação e conhecimento, que trabalha para acelerar a transição para uma economia neutra em carbono».
O artigo foi publicado originalmente em Revista Frutas Legumes e Flores.