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China financia assistência técnica a agricultura cabo-verdiana com aposta nas algas

O Governo chinês assinou hoje um acordo com Cabo Verde para o financiamento de quase 1,5 milhão de dólares em assistência técnica, a implementar pela FAO na atividade agrícola e segurança alimentar, apostando na produção de algas no arquipélago.

O projeto de assistência técnica a Cabo Verde, a três anos (2021 a 2024), surge no âmbito do Programa de Cooperação Sul-Sul entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a China, e deverá abranger 4.500 agricultores das ilhas de Santo Antão e de Santiago, além de 100 investigadores, estudantes e técnicos, no reforço das capacidades.

“Não se trata de um projeto de infraestruturas, em que cerca de 1,5 milhões de dólares irão ser empregues em equipamentos e infraestruturas. Não é nada disto. Trata-se essencialmente de partilha de conhecimento e de boas práticas no domínio da agricultura, da pecuária e da produção de algas marinhas como uma novidade no contexto dos projetos técnicos que temos estado a desenvolver aqui em Cabo Verde”, destacou o ministro da Agricultura, Gilberto Silva.

O governante cabo-verdiano falava após a assinatura, hoje de manhã, na Praia, do acordo tripartido para implementar o projeto.

Durante três anos, o projeto financiado pela China, com a presença de sete peritos chineses, vai fornecer a Cabo Verde assistência técnica na promoção da horticultura, com apoio à gestão dos solos, água e fertilizantes, e na promoção da proteção das plantas, através da introdução de métodos e da organização de formações de campo para a gestão integrada de pragas do milho e os métodos de controlo biológicos sobre as pragas de solo.

Envolve ainda a “promoção do pequeno produtor pecuário”, através da melhoria da produção animal e da melhoria da genética animal, do reforço da vigilância epidemiológica e da valorização dos produtos animais.

O projeto prevê ainda um estudo sobre a eco-fisiologia e o potencial do cultivo de algas marinhas e da cadeia de valor em Cabo Verde, bem como o desenvolvimento e implementação de “sítios-piloto para introduzir e promover a cultura de algas marinhas”, explicou a FAO.

“Temos um imenso mar e é possível tirar melhor proveito deste imenso mar na produção de algas e introdução de algas como alimentos, mas também, e porque não, utilizar as algas para outros fins, como a cosmética e efeitos farmacêuticos. Temos de começar a tirar melhor proveito dos recursos marinhos”, enfatizou o ministro da Agricultura.

O objetivo, explicou Gilberto Silva, é tirar partido da “experiência” da China nesta atividade.

“Não tendo nós tradição nem experiência neste domínio, entendemos que é bom começar com estudos e com a partilha de conhecimentos que nos levem a definir melhor o caminho e empregar uma boa franja da nossa população, sobretudo aquela que se vem dedicando à extração de areias nas praias, à produção de algas. Portanto, encontrar um caminho mais sustentável para assegurar o emprego e o rendimento, e acima de tudo proteger o ambiente”, disse ainda o governante.

O montante estimado do projeto é de quase 1,5 milhão de dólares (1,2 milhões de euros), financiados pelo Governo da China, sendo a execução e gestão a cargo da FAO, através do acordo tripartido assinado hoje.

De acordo com Ana Touza, representante da FAO em Cabo Verde, o arquipélago será o décimo país a implementar um projeto ao abrigo do Programa de Cooperação Sul-Sul/FAO-China.

“Em temos de inovação o destaque vai para a possibilidade de aquacultura em algas marinhas, área ainda não muito estudada e aproveitada em Cabo Verde, um país com 99% de mar e com grande potencial na matéria”, destacou a representante da FAO, sublinhando igualmente a atenção que será dada ao combate às pragas que afetam a produção agrícola no país.

O embaixador da China em Cabo Verde, Du Xiaocong, assumiu que este projeto é um dos passos para assinalar, em 2021, os 45 anos das relações diplomáticas entre os dois países, reforçando a cooperação bilateral.

“E demonstra que no futuro próximo, a China vai apoiar mais parceiros internacionais e oferecer mais apoio aos países africanos, na agricultura”, destacou o diplomata chinês.

“Leva-nos a crer que vamos no caminho certo, no caminho de uma agricultura cada vez mais resiliente e adaptada às mudanças climáticas, mais inteligente e voltada para o reforço da segurança alimentar e nutricional, tendo em conta que é necessário produzir mais alimentos saudáveis e colocar na mesa dos cabo-verdianos”, concluiu o ministro Gilberto Silva.


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