Crescimento espontâneo pode constituir nova oportunidade para as florestas europeias

Um artigo científico publicado na People and Nature levanta a possibilidade de o crescimento florestal espontâneo resultante do abandono das paisagens rurais contribuir para “restaurar o funcionamento dos ecossistemas” e “alcançar objectivos de política ambiental”. Em simultâneo, alerta para os perigos que o crescimento descontrolado pode representar.

Após décadas de registos negativos no que concerne à ocupação das áreas florestais, uma nova esperança parece surgir para o continente europeu – especialmente nos países do Sul. De acordo com um estudo científico conduzido por investigadores do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, do Instituto Europeu de Florestas e da Universidade de Bordéus (entre outras entidades), publicado na revista People and Nature, o crescimento espontâneo da floresta poderá constituir uma nova oportunidade “economicamente rentável para restaurar o funcionamento dos ecossistemas, aumentar as contribuições” destes territórios “para as pessoas” e “alcançar objectivos de política ambiental”. Fenómenos demográficos recentes, como o “abandono generalizado das paisagens rurais e a migração para centros urbanos”, serviram de premissa para a investigação, já que, na visão dos autores, estes contribuíram para a retoma da vegetação florestal nas terras agrícolas.

Para os investigadores, a dinâmica de crescimento espontâneo implica dois processos: a expansão florestal – o aumento da superfície de novas florestas em antigas áreas agrícolas – e a densificação florestal após a fixação inicial da floresta. Como tal, foram seleccionados quatro agrupamentos do Sudoeste Europeu (dois em zonas rurais e dois um zonas periurbanas), compostos por 65 parcelas de estudo e 2837 árvores, os quais reflectem “diferentes contextos socioeconómicos, requisitos ambientais e adaptações”. Um dos critérios que vigorou na selecção dos povoamentos foi, para além de um crescimento florestal espontâneo, a predominância da espécie arbórea que é a árvore nativa mais abundante na paisagem circundante.

No primeiro grupo, as paisagens utilizadas localizam-se no Parque Nacional do Alto Tejo (com o zimbro como espécie maioritária), mais precisamente no município extremenho de Guadalajara, e numa zona montanhosa dos pré-Pirenéus catalães (onde predomina a faia). Os dois territórios espanhóis registaram “um êxodo populacional maciço desde os anos 50 e actualmente são escassamente povoados, economicamente marginais e com poucas perspectivas de desenvolvimento socioeconómico”.

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