O rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal deverá aumentar 11,1% em 2021, face a 2020, impulsionado pelos acréscimos do Valor Acrescentado Bruto (VAB) e dos ‘outros subsídios à produção’, divulgou hoje o INE.
“De acordo com a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura (CEA) para 2021, o rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), deverá registar um aumento de 11,1%, em consequência dos acréscimos previstos para o VAB (+9,0%) e para os ‘outros subsídios à produção’ (+9,7%), após uma quase estagnação em 2020 (-0,1%)”, avança o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O aumento de 9,0% do VAB, em valor, resultou do efeito combinado dos crescimentos nominais da produção do ramo agrícola (+11,1%) e do consumo intermédio (+12,4%). Em termos reais, “o VAB deverá aumentar um pouco mais (+11,2%), refletindo a diminuição do deflator implícito”, explica.
Em ambos os casos, o INE destaca tratar-se dos “valores máximos das respetivas séries” do VAB, o que deverá levar a que o peso relativo do VAB do ramo agrícola no VAB nacional aumente de 1,9% em 2020 para 2,0% em 2021.
No que se refere ao volume de mão-de-obra agrícola (VMOA), perspetiva-se uma “ligeira redução” de 0,7% este ano.
De acordo com a informação disponibilizada pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP, I.P.), prevê-se um aumento de 8,5% nos montantes de subsídios pagos em 2021, em resultado de acréscimos nos ‘subsídios aos produtos’ e nos ‘outros subsídios à produção’ (+3,9% e +9,7%, respetivamente).
“Para o aumento dos subsídios aos produtos contribuíram essencialmente ajudas atribuídas ao arroz e ao leite”, refere o INE.
Já relativamente aos ‘outros subsídios à produção’, o acréscimo resulta “do efeito conjugado de várias ajudas, nomeadamente o aumento do Pagamento Greening e aumentos mais expressivos no âmbito das medidas agroambientais”.
Numa comparação internacional, verifica-se que, entre os triénios 2005-2007 e 2018-2020, a importância relativa do VAB do ramo agrícola no VAB nacional diminuiu na generalidade dos Estados-Membros, sendo o peso da agricultura na economia em Portugal superior ao observado na UE27 (1,8% vs. 1,5% no triénio 2018-2020), mas inferior ao de países como Itália, Espanha e Grécia.
Entre os triénios de 2006-2008 e 2018-2020, o rendimento da atividade agrícola registou um crescimento de 45,3% em Portugal, “ligeiramente superior à média da UE27 (+43,3%), sendo o país com o nono crescimento mais elevado”.
Segundo o INE, de janeiro a outubro de 2021 as exportações de produtos agrícolas registaram um aumento de 7,6% face ao período homólogo (+15,3% face ao mesmo período de 2019), enquanto em termos globais as exportações de bens cresceram 17,9% (+4,3% em relação ao mesmo período de 2019).
Em 2020, as exportações de produtos agrícolas tinham apresentado uma taxa de variação anual (janeiro a dezembro) de +4,8%, registando uma evolução positiva e inversa à dos outros produtos (-11,1%) e das exportações totais (-10,3%).
Em 2021, as exportações de produtos agrícolas representaram 5,6% das exportações nacionais totais (-0,5 pontos percentuais em relação ao peso registado no total de 2020).
Entre janeiro e outubro de 2021, as importações de produtos agrícolas aumentaram 9,8% face ao ano anterior, um aumento “menos significativo” que o ocorrido nos outros produtos (+18,9%) e nas importações totais (+18,1%).
No entanto, em relação ao mesmo período de 2019, as importações de produtos agrícolas apresentaram um acréscimo de 7,4%, enquanto as importações de outros produtos e totais diminuíram (-1,4% e -0,8%, respetivamente).
Na totalidade do ano 2020, em relação a 2019, o decréscimo nas importações de produtos agrícolas (-2,2%) foi menos significativo do que o decréscimo dos restantes produtos (-15,8%) e das importações totais (-14,8%).
Segundo o INE, em 2021, as importações de produtos agrícolas representaram 8,0% das importações nacionais totais em 2021 (-0,5 pontos percentuais face ao peso registado no total de 2020).