O volume e os preços da produção agrícola vegetal deverão aumentar 10,1% e 5,8%, respetivamente, este ano, enquanto a produção animal deverá registar uma subida de 1,4% quer no volume, quer nos preços de base, prevê o INE.
Segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura (CEA) divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal deverá aumentar 11,1% em 2021, face a 2020, impulsionado pelos acréscimos do Valor Acrescentado Bruto (VAB) e dos ‘outros subsídios à produção’.
Para a evolução nominal positiva de 16,5% prevista para a produção vegetal em 2021, o INE diz terem sido “determinantes as evoluções observadas nos vegetais e produtos hortícolas e nos frutos”.
As estimativas apontam para um aumento em volume de 6,9% na produção de cereais, em resultado dos aumentos do milho e arroz (+5,0% e +30,0% respetivamente).
“Com efeito, a campanha cerealífera foi bastante boa, tendo os preços registado um acréscimo significativo (+23,1%), onde se destaca a subida do preço do milho (+36,4%), em consonância com a evolução dos preços nos mercados internacionais”, nota o INE.
Relativamente às plantas forrageiras, estimam-se acréscimos em volume e preço (+5,0% e +9,9%, respetivamente), “em resultado das condições climatéricas, que permitiram o desenvolvimento das pastagens e promoveram um aumento de biomassa da generalidade das culturas destinadas à alimentação do efetivo animal”.
No que se refere aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+9,5%) que o INE diz refletir, “sobretudo, a evolução dos hortícolas frescos, particularmente do tomate para indústria”, que “deverá registar um acréscimo em volume de 25,0%” e “rendimentos unitários historicamente elevados”.
Para as plantas e flores, é igualmente esperado um aumento em volume (+2,8%), após um ano adverso para este setor, penalizado pela situação pandémica.
Quanto ao preço, estima-se um acréscimo para o conjunto dos vegetais e produtos hortícolas (+2,8%) em 2021.
Na batata, observaram-se aumentos em volume e em preço (+4,6% e +9,9%, respetivamente), por oposição ao ano de 2020, em que o fecho do canal horeca (hotéis, restaurantes, cafés) e a diminuição da exportação tinham contribuído para uma diminuição acentuada das transações e, consequentemente, do preço (-19,3%).
Já nos frutos, prevê-se “um elevado acréscimo” da produção em volume (+14,5%), para o qual concorreu a generalidade dos frutos, destacando-se os contributos da maçã (+20,0%), pera (+40,0%), cereja (+200,0%, a campanha mais produtiva dos últimos 35 anos), amêndoa (+20,0%, a maior produção das últimas duas décadas), frutos tropicais e azeitona (+31,4%, com a produtividade mais elevada dos últimos 30 anos).
No que respeita ao preço dos frutos, “estima-se um aumento (+8,7%), para o que contribuíram especialmente a maçã, o kiwi, os frutos de pequena baga, a castanha e o abacate”, enquanto a cereja “registou um acentuado decréscimo do preço (-37,5%) em consequência da excecional produção em volume”.
Relativamente à produção de vinho, prevê-se um aumento de produção em volume (+5,0%), enquanto para o Azeite se perspetiva “um acréscimo significativo em volume (+20,5%), em consequência da excelente produção de azeitona da campanha em curso (2020/2021) que mais do que compensou a redução da produção de contrassafra da campanha anterior (2019/2020)”.
Para a produção animal, a estimativa é de um acréscimo nominal de 2,9% face a 2020, em resultado do aumento quer do volume (1,4%), quer dos preços de base (+1,4%), destacando-se as produções de bovinos, ovinos e caprinos, aves, leite e ovos como “determinantes para aquela evolução em termos nominais”.
No que respeita aos bovinos, antecipa-se um acréscimo em volume (+6,3%), em consequência do aumento dos abates, quer de vitelos quer de bovinos adultos, e um ligeiro decréscimo dos preços de base (-0,4%).
Para os ovinos e caprinos, preveem-se acréscimos do volume e preço da produção (+10,5% e +5,4%, respetivamente), em resultado de um maior abate de animais, quer jovens quer adultos.
Segundo o INE, “estes aumentos refletem, em grande parte, a recuperação relativamente às dificuldades de escoamento sentidas por este setor em 2020, como consequência da conjuntura gerada pela covid-19”.
Nas aves de capoeira é expectável “um aumento marginal do volume (+0,1%) e um crescimento mais pronunciado no preço (+7,5%), sendo de destacar o contributo do frango e galinha para este acréscimo”.
Em contraciclo com as outras espécies animais, os suínos deverão decrescer em volume (-0,2%) e em preço (-6,1%).
De acordo com o INE, “a produção revela alguma recuperação do impacto da pandemia, sobretudo no subsetor da carne de leitão, particularmente afetado pelo encerramento da restauração”.
Contudo, e “apesar das boas perspetivas verificadas no início do ano, o aumento da exportação, a diminuição das importações de carne de porco pela China e o aparecimento de focos de peste suína africana na Europa levaram a um acréscimo de oferta de carne de porco no espaço europeu, sobretudo por parte dos grandes produtores”.
“Este facto, associado à redução generalizada de procura, em consequência da pandemia, ocasionou uma baixa de preço a nível europeu”, nota.
No que se refere à produção de leite, são estimados um decréscimo ligeiro da produção em volume (-0,4%) e um aumento do preço de base (+1,2%), devendo-se esta subida “sobretudo ao subsídio ao produto, não se tendo refletido no preço no produtor o aumento de preços dos fatores de produção (nomeadamente energia e alimentos para animais)”.
Em 2021, as previsões apontam que o consumo intermédio aumente em termos nominais (+12,4%), na sequência de acréscimos em volume (+3,8%) e, sobretudo, em preço (+8,3%).
“Observou-se um aumento nominal de todas as rubricas, com particular destaque para a energia (+15,4%), os adubos e corretivos do solo (+31,0%) e os alimentos para animais (+16,1)”, explica o INE.
Rendimento da agricultura deverá aumentar 11,1% em 2021 – INE