Incêndios 2021: Portugal escapa ao cenário global

O ano de 2021 apresenta o número mais baixo de incêndios e o segundo valor mais reduzido de área ardida da última década em Portugal. Os dados foram apresentados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e dão conta de menos 54% de incêndios rurais e menos 79% de área ardida relativamente à média anual, comparando o ano que agora termina com o histórico dos 10 anos anteriores.

Entre 1 de janeiro e 15 de outubro, o ICNF assinalou a ocorrência de 7 610 incêndios rurais, que resultaram em 27 118 hectares de área ardida, entre matos (16 144 ha), povoamentos florestais (8 118 ha) e espaços agrícolas (2 856 ha). Relativamente às causas apuradas dos incêndios nos casos investigados, sobressai o uso negligente do fogo (47%) e o incendiarismo/imputáveis (23%).

Na análise particular aos incêndios por utilização negligente do fogo, os motivos mais relevantes foram as queimadas para gestão de pasto para gado (45%), queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (20%) e queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (10%).

Incêndios aumentam emissões à escala mundial

Mas se o ano que decorreu não foi particularmente duro no balanço do fogo – o relatório do ICNF conclui que a área ardida em 2021 é “consideravelmente inferior à área ardida expectável, tendo em conta a severidade meteorológica verificada” –, o mesmo não foi verificado à escala global.

O programa de Observação da Terra da União Europeia informou ter apurado este ano das mais elevadas emissões estimadas em várias regiões do mundo, devido aos incêndios. Segundo o consórcio europeu de vigilância por satélite, Copernicus, incêndios intensos e devastadores causaram um volume estimado de 1 760 megatoneladas de emissões de CO2.

Os cientistas do Serviço de Monitorização da Atmosfera (SMA) do Copernicus salientam os incêndios persistentes de abril na Sibéria e no Canadá, e “incêndios extremos” no verão, nomeadamente julho e agosto, em vastas extensões da América do Norte, Mediterrâneo oriental e central, e norte de África.

“As condições regionais, mais secas e quentes causadas pelo aquecimento global, aumentam o risco de inflamabilidade e risco de incêndio da vegetação, que tem sido refletido nos incêndios de dimensão extrema, de rápido desenvolvimento e persistência, que temos vindo a monitorizar”, afirmou Mark Parrington, perito em incêndios do programa Copernicus.

O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


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